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Leilão de aeroportos provoca otimismo, por Murillo de Aragão

Diferentemente do leilão do Campo de Libra do pré-sal, na Bacia de Campos, realizado em outubro, que teve apenas um interessado e com participação de 40% da Petrobras, rendendo muitas críticas ao governo Dilma Rousseff (PT), o leilão dos aeroportos do Galeão (RJ) e Confins (MG), na sexta-feira passada (22), foi elogiado, inclusive pela imprensa internacional.
 
O leilão de concessão do aeroporto do Galeão foi vencido pelo consórcio comandado pela Odebrecht Transport, com um lance de R$ 19,018 bilhões (ágio de 293,9% em relação ao valor estabelecido). O valor ficou 31% acima dos R$ 14,5 bilhões oferecidos pelo segundo colocado, o consórcio liderado pela construtora Carioca, e não teve concorrentes.
 
Já o leilão de concessão do aeroporto de Confins foi vencido pelo grupo encabeçado pela CCR, com uma proposta de R$ 1,82 bilhão. O ágio foi de 66% sobre o valor mínimo, após uma disputa com o consórcio liderado pela Queiroz Galvão.
 
O valor total dos dois leilões somou R$ 20,8 bilhões, o que representa um ágio médio de 251,7%. A grande surpresa foi o valor pago pelo Galeão, que superou até mesmo o preço do campo de petróleo de Libra no leilão do pré-sal, que fechou em R$ 15 bilhões.
 
Os leilões, sobretudo o do Galeão, foram comemorados pelo governo. A presidente Dilma Rousseff, ao saber do resultado, afirmou: “Eu tenho certeza que as próximas licitações não vão dar errado. Hoje os incrédulos vão ter um dia de amargura porque não deu errado. No Brasil, as pessoas torcem para dar errado. Vão ser arrecadados R$ 20 bilhões, o que demonstra um enorme interesse dos investidores no Brasil e continua sendo uma das grandes oportunidades”.
 
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT), também mandou seu recado aos críticos: “Os números demonstram o sucesso do leilão e da iniciativa do governo de chamar o setor privado a participar desse novo momento do desenvolvimento brasileiro, focado nos investimentos em infraestrutura. O leilão provou mais uma vez que somos um país atraente para o capital internacional”. 
 
Para Pimentel, “ninguém faz um investimento bilionário como esse se não acreditar que terá retorno, se não acreditar nos fundamentos econômicos e nos rumos do país”. Vale destacar que esse resultado dos leilões foi favorável para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que vinha sendo bastante criticado.
 
A repercussão do leilão dos aeroportos foi positiva na mídia internacional. Na avaliação do The Wall Street Journal , o lance de R$ 29 bilhões pelo Galeão representou “uma alta para o governo Dilma Rousseff, que muitas vezes é criticado por sua abordagem econômica intervencionista que alguns dizem que impediu o interesse do setor privado nas concessões de infraestrutura”.
 
A Bloomberg destacou que a moeda brasileira se valorizou diante desses leilões e declarou: “O real subiu quando o leilão mostrou que Rousseff consegue atrair investidores para seu plano de R$ 212 bilhões para melhorar estradas, ferrovias, portos e a infraestrutura”.
 
O impacto dos leilões dos aeroportos é importante em especial para a presidente Dilma Rousseff rebater uma das principais críticas que seus adversários vêm fazendo em relação à economia: a desconfiança dos investidores. E com o leilão dos aeroportos e os valores arrecadados, o governo poderá mostrar, principalmente na campanha eleitoral do próximo ano, o que está sendo feito na área de infraestrutura, uma das principais carências do país.
 
Outro ponto importante a ser destacado é que o PT se movimentou no sentido de mostrar os leilões como uma concessão e não uma privatização. Logo após sua realização, o partido divulgou nas redes sociais um comparativo explicando o que é concessão e o que é privatização. O objetivo é responder às afirmações de que os aeroportos “foram privatizados”, mantendo o rótulo de privatista no PSDB.