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Gestão política ruim afeta apoio do governo no Congresso

O governo Dilma tem na insatisfação da relação entre aliados uma de suas tônicas. E, apesar de tudo e de ser amplamente reconhecido desde seu início, nada de concreto foi feito para harmonizar os interesses da base aliada e do governo.
 
A questão não é nova. Foi posta já na campanha e na montagem do ministério e antes mesmo do início formal do governo. Sempre ouve uma tentativa de se separar o que era o governo central do que era uma espécie de periferia composta por aliados e simpatizantes.
 
A relação no núcleo preferencial é baseada em uma certa "desisntitucionalização", onde quem manda por tema não é formalmente o ministro da pasta. Outro aspecto marcante é a demora no atendimento das demandas dos aliados. Por fim, existe uma dificuldade de se manter em bases constantes um diálogo produtivo e delimitado por uma agenda clara.
 
Existe a impressão de que os partidos já estão representados no governo por meio de ministros e devem, por conta disso, fidelidade às propostas do governo. Não é assim. Partidos no Brasil são divididos em facções. Lideranças diferentes comandam as bancadas na Câmara e no Senado. Por tanto, não é uma operação simples.
 
Além disso, existe uma insatisfação com as ministras Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann, responsabilizadas por alguns aliados pela desarticulação política pela qual o governo passa.
 
Disposto a alterar esse cenário, o PMDB se movimenta. O vice-presidente Michel Temer e os presidentes da Câmara e Senado, Henrique Eduardo Alves e Renan Calheiros , respectivamente, terão um encontro com a presidente Dilma Rousseff para rediscutir o relacionamento entre PT/PMDB.
 
No governo FHC, muitas vezes a base e o governo entraram e conflito por conta de problemas de gestão do relacionamento. Na era Lula corria a mesma coisa. Apenas com um diferencial. Tanto FHC quanto Lula eram mais disponíveis para o diálogo. Na era Dilma, a má gestão política já está pagando um preço. A cada ano decresce o percentual de apoio às propostas do governo no Congresso.
 
O apoio aos projetos de interesse do governo na Câmara dos Deputados no primeiro trimestre do ano legislativo de 2013 (fevereiro, março e abril) caiu, na comparação com o mesmo período de 2011 e 2012.
 
A adesão dos deputados ao Planalto no primeiro trimestre do governo Dilma foi de 55,29%, caiu para 49,81% em 2012 e agora chega a 43,53%. O levantamento da Arko Advice analisou 52 votações nominas e abertas (21 em 2011; 12 em 2012; e 19 em 2013). No primeiro ano de seu governo, Dilma não foi derrotada em nenhuma das votações analisadas. No segundo ano, foram duas derrotas e, agora, quatro.
 
Na Câmara, é interessante observar o comportamento do PSB. O apoio da legenda atingiu, no primeiro trimestre deste ano, um dos níveis mais baixos entre os partidos da base (26,92%). A queda coincide com a movimentação de Eduardo Campos (PSB-PE) para viabilizar sua candidatura à Presidência.
 
No Senado, o quadro é um pouco melhor em termos de apoio, mas também fica visível o desgaste com o Planalto. No primeiro trimestre de 2011, aconteceram dez votações nominais e abertas de interesse do governo, com apoio de 57,72%. No ano seguinte, caiu o número de votações – apenas seis –, mas aumentou a adesão ao Planalto: 61,72%. Este ano, foram apenas duas votações, com apoio de 56,87%.
 
Com a proximidade da campanha eleitoral, o problema pode se transformar em um obstáculo adicional à campanha de Dilma Rousseff à presidência. Nada que não possa ser contornado. Porém, seria mais fácil se o dialogo político e o relacionamento entre aliados fosse mais tranquilo.