Anos atrás, nos tempos de Carlos Menem, a Argentina vivia no paraíso da convertibilidade: um peso valia um dólar. Tudo garantido pelas reservas em dólar que superavam os pesos em circulação. Metendo os pés pelas mãos e prejudicados pela desvalorização do real, os argentinos viram a sua política de convertibilidade ir para o saco.
Mesmo antes de morrer, o peso não contava com a confiança dos argentinos. Um amigo dizia que convertia em dólar todo o peso que possuía. E ainda por cima mandava uma parte para o exterior. Justificava explicando que nada tinha a menor chance de dar certo na Argentina por conta dos políticos e da política no país. Tinha razão.
No Brasil, a situação nunca chegou a esse ponto. O brasileiro sempre confiou em sua moeda. Fosse ela qual fosse. Porém, este ano, o brasileiro mandou mais dinheiro do que nunca para o exterior. O volume é o maior em dez anos e 12% superior ao do ano passado. A perda de confiança na política fiscal, o andar errático do crescimento econômico e a possibilidade de ganhar mais em um ambiente menos instável estão levando o brasileiro a guardar seu dinheiro no exterior.
A situação, no entanto, não é crítica. O dinheiro de brasileiros alojado oficialmente no exterior chega perto de 2% do valor de nossas reservas. Porém, devido ao risco de que os juros aumentem nos Estados Unidos e de que o câmbio dispare por aqui, a tendência é perigosa.
Mesmo com a Bolsa brasileira ainda muito barata, a condução da política econômica no país assusta o investidor externo. E já começa a assustar também o investidor nacional. Para piorar, declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o Brasil cresce com "pernas mancas", além da demora em fixar uma meta realística para o superávit primário em 2014,reduzem ainda mais a credibilidade econômica do país.