O chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, defendeu hoje, durante a vista de Hugo Chávez à Bolívia, que a América do Sul tenha uma moeda e um sistema financeiro próprio, que não dependa do dólar "mais cedo do que tarde".
Maduro acredita que é preciso de "soluções concretas" para "barrar os obstáculos" que "a nossa própria burocracia" coloca para o desenvolvimento de programas de integração regional entre Bolívia, Cuba, Equador, Honduras, Nicarágua, Venezuela, República Dominicana, Antígua e Barbuda, e São Vicente e Granadinas.
A ideia é colocar em andamento o Sistema único de Compensação Regional (Sucre) entre os países da Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba), que nasceu a partir de uma iniciativa dos governos da Venezuela e de Cuba.
O chanceler venezuelano apresentou sua defesa em meio à visita que Chávez realiza a Cochabamba, a 500 quilômetros ao sul de La Paz, após uma viagem ao Uruguai, no marco de um giro pela América do Sul iniciado na terça-feira na Argentina.
Oito mesas de trabalho foram montadas para debater sobre temas de cooperação bilateral de caráter econômico, energético, financeiro, educativo, cultural e alimentar entre os países da América Central, Caribe e América do Sul.
Por sua vez, o ministro boliviano das Relações Exteriores, David Choquehuanca, recordou o passado em comum que une toda a América Latina, antes chamada de Abya Yala, onde não existiam "fronteiras nem bandeiras que dividiam os povos".
"Compartilhávamos tudo, tínhamos aceso ao Atlântico e ao Pacífico. Havia princípios, valores, códigos, símbolos que garantiam o equilíbrio entre os seres humanos, regiões, continentes, que hoje voltamos a levantar para trabalhar juntos", declarou Choquehuanca.
Ao inaugurar os trabalhos das mesas de negociação, o vice-presidente da Bolívia, álvaro García Linera, pediu "praticidade e resultados concretos" para fortalecer os laços de amizade que não se baseiam nos "interesses, cálculos, egoísmo ou o lucro da lógica capitalista".
Chávez e seu homólogo boliviano, Evo Morales, se dirigiram hoje para a comunidade rural de Tiquipaya, a 15 quilômetros a noroeste de Cochabamba, onde em abril do ano passado houve a Cúpula Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática.
ANSA