Morte de Dante
7 de julho de 2006
A sorte de um time murrinha
9 de julho de 2006
Exibir tudo

Veja entrevista do coordenador da campanha de Alckmin

PSDB quer uma campanha limpa

Entrevista concedida ao jornal O Liberal neste domingo.

 

 

 

Coordenação

Senador Sérgio Guerra garante que Geraldo Alckmin conquistará eleitores

O coordenador nacional da campanha presidencial do candidato Geraldo Alckmin, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), 56 anos, nasceu no Recife e cresceu na Zona da Mata de Pernambuco. Se formou em Economia pela Universidade Católica de Pernambuco (UFPE) e foi aluno da Universidade de Harvard. Tem três filhos e dois netos. Foi várias vezes secretário de Estado de Pernambuco nas pastas de Indústria, Comércio e Turismo, Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Urbano, deputado estadual e três vezes deputado federal, intregrando a lista do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) do Congresso Nacional. É definido como articulador e identificado ideologicamente como um político de centro.Já no primeiro ano de mandato no Senado, aonde figuram ex-presidentes da República, ex-ministros e ex-governadores, Sérgio já foi considerado um dos ‘100 mais influentes políticos nacionais.’ É considerado um dos maiores especialistas em matéria de orçamento. Em Pernambuco, é chamado de ‘o senador do desenvolvimento’, devido ao seu perfil de empreender e a sua reconhecida capacidade de captar recursos federais aos Estados. Em entrevista exclusiva a Fábio Andrade, de O LIBERAL, Sérgio Guerra falou sobre política, eleições e de como o PSDB espera derrotar o presidente Lula e como seria um futuro governo de Geraldo Alckimin.

Senador, qual é o seu papel na campanha do Geraldo Alckmin?

Nós formamos um conjunto e este conjunto tem diversas formas. Rigorosamente tem uma centralização em Brasília, um comitê geral e esse comitê está subordinado ao conselho. Este tem a participação dos partidos da nossa aliança: o PFL, o PSDB, o PPS. Tudo está subordinado a uma coordenação geral, onde me situo. Em breve, provavelmente, teremos dois adjuntos: o ex-deputado José Aníbal, o ex-ministro Eduardo Jorge. Haverá também várias coordenações de linha de comunicação, de política, financeira, administrativa, jurídica. Essas coordenações têm que se estruturar e o nosso papel é unir o esforço de todos.

Como senhor vê o estagio atual da campanha, as pesquisas?

A campanha tem três fases. A primeira, foi a denominada de pré- campanha. Fizemos um grande esforço para a articulação da campanha a nível nacional, ou seja, a montagem das campanhas estaduais ou das alianças nacionais. Houve um esforço muito grande neste sentido, vários problemas foram solucionados, outros não. Mas, a base que se formou no país é uma grande base. Não há antecedentes numa campanha presidencial que tivesse tanto apoio estadual como esta.

A campanha tem sido muito criticada pela imprensa?

É o que eu estou dizendo, a primeira fase foi aquela. A segunda começou após as convenções e ainda há um tempo que nos separa da propaganda eleitoral feita na televisão. Esse período acontece neste mês de julho e nos primeiros dias de agosto, e depois virá um período relativamente longo, cuja a principal característica é diferenciá-la das campanhas passadas. Antes havia a hegemonia dos comícios, mas com a proibição de showmício e de outras manifestações, é provável que eles sejam menos intensos do que foram no passado. A mobilização social é importante nesse período, que é o que nos separa da campanha televisiva. O período da televisão, os programas e as campanhas vão se desenvolvendo aos olhos da população e é nessa fase que as campanhas se resolvem.

A imprensa em geral diz que a chapa não e muito conhecida nacionalmente, o cientista político Murilo Aragão chegou a dizer que a chapa seria ‘sonolenta’. Outros dizem que o candidato a vice não tem muita representatividade nacional. O que o senhor acha?

Ele – (senador José Jorge PFL-PE) é senador, foi deputado federal várias vezes, secretario de Estado, ministro, vice- presidente do partido dele. Os vices são escolhidos como possíveis substitutos do presidente. Tem que se escolher alguém que tenha competência, qualidade, capacidade de governar na falta do presidente e, sob esse aspecto, o José Jorge é excelente. Se você olhar o PT, o vice atual (ex senador José de Alencar) seguramente teve menos votos do que o Zé Jorge para o Senado.

O senhor crê que o povo já esqueceu as corrupções desse governo?

Não, e o PT faz uma péssima aposta. As categorias mais esclarecidas já preferem o Geraldo Alckimin ao Lula. Se você for ver as taxas de maior escolaridade já são mais solidárias às campanhas de Geraldo que a de Lula. Na medida em que a escolaridade diminui, o Lula ganha. A aposta do PT é que essa população menos informada continuará assim, não receberá informações e não saberá processar. È uma aposta conservadora, reacionária, pois supõe que o povo não é capaz de se esclarecer e tomar um caminho. E um processo de tempo, pelo qual os setores sociais vão sendo contaminados pela rejeição à reeleição de Lula.

Mesmo com Marcos Valério, Mensalão, caseirogate, MLST etc o presidente atinge 50% das intenções de voto. Isto não deveria influênciar nas pesquisas?

Nos últimos três meses o contraditório saiu na televisão. Ele é um presidente que inagura e reinaugura obras não feitas, inaugura pedras fundamentais, diz que vai construir ferrovias que não vão ser construídas, que promete ao Ceara uma siderurgia e a Pernambuco uma refinaria. As promessas não são cumpridas, mas são comemoradas. Eu estou convencido desse engodo e que a sociedade vai se esclarecer, tendo a capacidade de convencer o país quanto a sua pertinência, ou seja, o voto que vai para o Geraldo e o voto daquela pessoa que olhou para o passado dele, digno e limpo, administrativamente correto e imagina que este passado será capaz de construir o futuro.

O PSDB acredita muito nos debates da televisão, mas se o presidente Lula não comparecer?

O PSDB acredita muito na capacidade da televisão informar a população, nenhum outro meio de comunicação é capaz de produzir conceitos como a televisão. Temos que confiar na televisão, na sua competência de informar os brasileiros, pois o problema central da candidatura do Geraldo é que muitos ainda não o conhecem. A televisão tem um papel muito importante para superar esse entrave.

E o debate?

Não vejo dificuldades do ponto de vista do nosso candidato. O nosso candidato venceu a eleição em São Paulo por causa do debate.

O senhor acha que o presidente Lula irá comparecer nos debates?

Não é boa política para ninguém correr de debate.

Qual será o discurso do PT? O senhor acha que ainda será o discurso da ética?

Não, não há hipótese, o discurso do PT não tem mais nada a ver com o que eles diziam antes, porque, no governo, eles acabaram desmentindo o discurso. O discurso do PT vai tentar centralizar a questão de comparar o governo Fernando Henrique com o governo Lula, que não é uma comparação ortodoxa, sensata, pois são governos diferentes, momentos diferentes da vida econômica internacional, na América Latina e no Brasil e que não podem ser comparados. Mas é o que eles vão tentar fazer e vão tentar desmerecer, desconstruir o adversário. Foi o mesmo espírito que eles tiveram quando no governo começaram a somar deputados que estavam a procura de vantagens, fazendo fazer depois o que se chamou de coligação do mensalão e que todo o Brasil hoje conhece.

O senhor acha que a oposição errou quando a historia do mensalão veio à tona e ela não pediu o impeachment do presidente?

Eu acho que essa coisa do impeachment não é boa, tem que se ganhar é nas urnas.Se nos tivéssemos um quadro concreto para o impeachment, aí tudo bem, mas esse quadro não se concretizou.

O presidente Lula declarou que irá ‘visitar as obras, vistoriar’. Isto não é uma afronta a lei eleitoral?

Isto é demagogia de novo . O uso do governo para fazer campanha política é completamente desequilibrado , eu diria até que é irresponsável .

O PSDB tomou alguma medida legal contra isso?

Tomou e continuará tomando. Não fossem essas medidas a situação seria muito mais complicada.

Em um eventual segundo governo Lula, como o senhor vê a governabilidade do presidente?

Impossível. O PT ficará menor e, hoje, já não é solidário ao presidente. Os partidos que foram crescidos pelas mãos de José Dirceu estão aí depauperados, sofreram com o mensalão, sofreram com as investigações e estão enfraquecidos perante a opinião publica. Eu acho que vai dar uma bancada relevante do PT, uma boa bancada do PSDB e PFL, e o PMDB, como sempre, deverá ser o fiel da balança.

Qual será a grande mudança de um governo Alckimin e o que o senhor espera para o Brasil com o Alckmin?

Chegar perto da população, aumentar o investimento, segurar a corrupção, não transformar o governo numa máquina para atender seus amigos, principalmente aqueles que perderam a eleição que foi o que Lula fez. Um governo que fará acontecer uma boa reforma agrária e uma eliminação de atividades que não são construtivas do tipo do MSLT ou do MST que desorganizam e afetam a produção de maneira gravíssima e não tem a menor responsabilidade publica. Enfim, vamos fazer um governo bastante ousado, progressista, avançar na área de saúde e educação, estabelecer projetos com os estados, não basta ter intenções, é preciso estabelecer compromissos com os governadores do Norte e Nordeste e dizer o que governo futuro fará nessas áreas.

O senhor acha que o Alckmin deve dar uma endurecida na campanha, bater um pouquinho mais?

Não é bem assim , ele tem batido. Mas no presidente da República não se pode ficar batendo, essa situação também não pode se desenvolver num candidato a presidente. Temos que ser o que povo espera, alguém que possa governar nosso país, mostrar quais são os elementos e os programas com os quais ele se compromete. Um candidato propositivo, que olha para frente e que vai construir, claro que não podem faltar críticas ao presidente e ao PT porque eles merecem. Mas não vai ser nossa finalidade, nem nosso objetivo. O objetivo é provar ao Brasil inteiro que a campanha é limpa e que temos um candidato que é capaz de governar o Brasil de forma limpa e correta, como fez a vida inteira.