Depois de dez anos de criação, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) continua a manter estreita dependência do governo para pagar suas contas. Levantamento do pesquisador Mário Scheffer, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e da professora Lígia Bahia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mostra que a receita obtida com taxas, multas e serviços da ANS subiu 31,11% entre 2005 e 2009. Para fechar as contas, o valor repassado pelo Tesouro teve de aumentar em 677,87%. "Num setor como esse, com tantas infrações cometidas pelas empresas, era de se esperar um desempenho diferente", avalia Scheffer. Para ele, os números indicam a existência de um descompasso entre os objetivos da agência, sua atuação e a situação dos mercados de planos de saúde. "E o mais importante: trata-se de dinheiro público." O presidente da ANS, Maurício Ceschin, admite a diferença nos valores. E diz que a solução seria aumentar o valor da taxa compulsória cobrada das operadoras, equivalente a R$ 2 por usuário. "Esse valor foi fixado há muito tempo. Está defasado." (O Estado de S.Paulo)