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Uma nova política cambial

Talvez estejamos às portas de uma nova política cambial. Os sinais de tensão no fluxo da entrada de dólares são evidentes. Tais como foram os sinais pré-desvalorização, em 1998, a maior ameaça já enfrentada pelo Real, submetido a uma desvalorização de 100% no primeiro momento. Ainda que as circunstâncias e os fatos sejam outros. Em 1999, quando Armínio Fraga assumiu o Banco Central, o Brasil estava quebrado. Nossas reservas pareciam cofre de banco roubado – cheio de papéis que não valiam nada e uns míseros dólares. Os desencontros da política cambial e o quadro de crise nos países emergentes foram as causas da situação. Hoje há um novo quadro. O Brasil atravessou a pior crise da história do capitalismo sem perder reservas. é o mais promissor entre os emergentes. Em especial se considerarmos o conjunto que inclui política, políticas públicas, economia e sociedade. Se ainda assim somos de terceira classe em matéria de política, nos demais Bric's a situação é muito, muito pior.

A balança comercial de junho apresentou o melhor desempenho desde dezembro de 2006. Foram mais de US$ 4,6 bilhões de saldo. O Brasil vai continuar a exportar bastante e tende a aumentar sua participação no comércio internacional, que é muito pequena. Com a estabilidade da moeda, reservas fortes e mercado interno preparado para o consumo, haverá um aumento importante nos investimentos diretos. Considerando que poderemos exportar mais, receber mais investimentos diretos e manter ou aumentar o investimento especulativo, o resultado será um fluxo maior de divisas e, em conseqüência, a valorização do Real.

A situação que acabo de descrever é uma benção para o Brasil, mas um pesadelo para os exportadores, que convivem com um sistema tributário injusto e uma oferta de crédito precária. Os sinais são preocupantes. Indicam um ressurgimento de vocações intervencionistas que não funcionaram no passado. O Brasil não pode deixar de ser competitivo em suas exportações. Portanto, tem pela frente um desafio importante na área cambial. é uma questão estratégica, que deve ser pensada logo, antes que seja tarde. Vale lembrar que a quebra do país em 1998/1999 teve a política cambial como fator determinante. Não tinha fundamentos para manter a paridade com o dólar e deu no que deu. Hoje o quadro é totalmente diferente. Porém, é preciso preparar o país para um crescente aumento das reservas e para as conseqüências desse fato no ambiente de negócios no país.