A notícia da alteração dos perfis dos jornalistas Carlos Alberto Sardemberg e Miriam Leitão na Wikipédia, feita a partir de um computador do Palácio Planalto, é mais uma dessas saborosas intrigas típicas das estruturas de poder, em plena safra eleitoral. A história tem todas as características de uma ação de aloprados e não significa que uma autoridade superior tem ligação com o caso. Nota da Secretaria de Comunicação da Presidência condenou o uso do equipamento público, mas diz ser “tecnicamente impossível identificar os responsáveis pelas modificações nos perfis dos jornalistas”. Em 2001, depois do episódio de invasão do computador do Prodasen com envolvimento do então senador José Roberto Arruda, líder do PSDB, os funcionários da instituição juraram que era “tecnicamente impossível identificar os responsáveis…”. Depois a própria diretora do Prodasen admitiu sua culpa. O que se torna relevante nesses episódios com computadores, internet, sistema etc é o espetáculo do enredo, das denúncias e desmentidos, do nervoso leva e traz que alimenta a mídia. São expedientes da disputa política que desde o escândalo de Watergate alimentam, em qualquer capital do mundo, os movimentos do pequeno círculo frequentado por tecnocratas, jornalistas, autoridades e políticos.