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Um retrato da sucessão

Meses atrás, Dilma Rousseff era considerada uma candidata "mala sem alça" difícil de carregar e com poucas perspectivas. No entanto, a pré-candidata do PT à sucessão de Lula, Dilma Rousseff, tem apresentado crescimento consistente nas pesquisas de intenção de voto. 

Pela CNT/Sensus, entre janeiro de 2009 e janeiro de 2010, as intenções de voto da ministra passaram de 13,5% para 27,8%. Por outro lado, Serra perdeu caiu de 42,8% para 33,2%. No Datafolha, Dilma começou 2009 com 11% e chegou a 23% em dezembro. Serra caiu de 41% para 37% no mesmo período.

A subida de Dilma trouxe grave preocupação na oposição. A ponto de a conversa da chapa puro-sangue voltar a ser cogitada.  Seria uma forma de dar novo impulso à candidatura Serra a partir da união dos dois maiores colégios eleitorais do país, com administrações bem avaliadas pela população de São Paulo e de Minas Gerais. 
 
No entanto, a viabilidade da chapa café-com-leite  é muito discutível. Não pelo seu apelo eleitoral, mas pela disposição de Aécio em ser um mero coadjuvante de luxo para Serra. Tal solidariedade é difícil de se esperar no alto tucanato.

Com toda razão, Aécio Neves mostra uma certa resistência à idéia. Afinal, Aécio jogou limpo com o PSDB, se colocou na disputa de forma leal, tentou antecipar a escolha do candidato. O PSDB preferiu seguir o roteiro de Serra. 

Ao sair da disputa, Aécio criou um fato novo e se colocou como eventual alternativa caso Serra venha a desistir.  Além do mais, Aécio tem uma parada dura pela frente que é eleger seu candidato ao governo de Minas. Como candidato ao Senado, a tarefa fica mais fácil. Assim, de forma elegante, Aécio deu o troco no PSDB que, na campanha,  vai precisar mais dele do que ele precisa do partido.

No lado governista, a antecipada convenção do PMDB que reconduziu Michel Temer à presidência do partido foi importante por duas sinalizações claras. A primeira que a cúpula do partido está com Temer como vice-presidente na chapa de Dilma.

A segunda, que não há mais contestação relevante à coligação do partido com o PT. Vale dizer que Dilma Rousseff poderia ter comparecido ao evento. No entanto, para evitar comentário de que estaria interferindo no processo, preferiu ficar no Rio Grande do Sul.

De certa forma, há muito tempo não se via uma convenção no PMDB tão tranqüila. Praticamente não houve ruído. A tentativa judicial de evitá-la foi contornada e tudo saiu como os líderes do partido planejava. Para um partido tradicionalmente desunido, o evento foi de surpreendente calmaria.
 
Com o PMDB unido e a Dilma subindo, o que pode preocupar os governistas? Em primeiro lugar, o grau de adesão do PMDB à chapa governista. O segundo aspecto é a escolha do vice: Temer ainda desperta resistências no PT. O terceiro problema é a candidatura de Ciro Gomes, que vai bem nas pesquisas e mal nas costuras políticas

O quarto aspecto está no próprio desempenho de Dilma. A cerimônia de lançamento do PAC, como todas as possibilidades de ser um mega-show, foi um espetáculo monótono onde o bom do PAC pouco apareceu. Está idéias para produzir eventos a altura de uma ministra em vias de se transformar em candidata. Enfim, o balanço do PAC – onde bons resultados poderiam ser o destaque – terminou ofuscado pelo amadorismo do evento. 

Adiante, Dilma deve se beneficiar da popularidade de Lula e do sucesso do governo. No entanto, suas aparições e seu discurso devem ser impecáveis e altamente consistentes. A candidatura Dilma deve ajudar a transferência do prestígio de Lula e não ser rebocada por ele.