Alguns especialistas cruzaram a intenção de voto (38%) e alta rejeição (36%) da presidente Dilma das últimas pesquisas Datafolha e Ibope como forte sintoma de seu risco de derrota no segundo turno. O argumento é que, embora no primeiro turno ela conserve um percentual igual à soma de seus adversários, na simulação de segundo turno tanto Aécio Neves quanto Eduardo Campos aproximam-se perigosamente do desempenho da presidente.
Tal informação traduziria primeiro que os candidatos da oposição não conseguem capitalizar o descontentamento com o governo e segundo que ela está perdendo para os seus próprios problemas de gestão, como a volta da inflação, por exemplo. Quando Campos, que detém apenas 10% das intenções de voto no primeiro turno, transforma-se num perigo real no segundo, isso significa que qualquer opositor tem chances contra a Dilma num confronto direto.
Ciente dessa possibilidade, Aécio Neves aprofunda suas articulações para desorganizar a base governista. Depois de fomentar fortes dissidências no Rio, Salvador e Fortaleza, por meio de palanques duplos, o tucano trabalha para instalar comitês suprapartidários nas grandes cidades. É uma isca para estimular traições, a exemplo da estratégia posta em prática por seu avô, Tancredo Neves, na campanha indireta de 1984, quando elegeu-se presidente da República pelo voto indireto no colégio eleitoral.