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Tensão entre Executivo e Legislativo tende a continuar, por Murillo de Aragão

A crise no relacionamento entre PT e PMDB não é nova. A presidente Dilma Rousseff convive com esse clima de tensão desde o primeiro ano de seu mandato. Vamos a alguns exemplos.
 
Em 2011, a Câmara dos Deputados, ao aprovar o Código Florestal, impôs uma derrota ao governo. Foi aprovada emenda do PMDB estendendo aos estados o poder de decidir sobre atividades agropecuárias em áreas de Preservação Permanente (APPs). O governo federal era contra a proposta porque queria exclusividade para definir as atividades permitidas em APPs.
 
A tensão se prolongou em 2012, quando, em dezembro, a Câmara registrou o pior índice de adesão aos projetos de lei de interesse do Executivo. De acordo com levantamento da Arko Advice, essa média de apoio foi de 23,4%.
 
Em 2013, o clima continuou ruim, quando o Congresso Nacional avançou com o Orçamento Impositivo e decidiu que os vetos presidenciais fossem analisados mensalmente. Antes disso, os vetos presidenciais eram simplesmente esquecidos pelos congressistas.
 
Neste ano, os exemplos são ainda maiores. Convocações para que ministros expliquem denúncias de corrupção e problemas de gestão em suas respectivas pastas se multiplicam no Congresso. Em contrapartida, projetos importantes têm andamento pífio.
 
A tendência é que esse clima permaneça. O próximo embate com possíveis reflexos no Parlamento será a convenção do PMDB para decidir se o partido apoiará ou não a coligação com o PT na disputa presidencial. A tendência é que seja aprovada, mas o voto contrário de alguns estados contra a aliança certamente repercutirá entre os parlamentares.
 
Outro momento de esperada tensão será na eventual vitória de Dilma, a partir de novembro, quando ela, se for reeleita, tiver de promover novas mudanças na equipe ministerial. Assim como pressionou por mais espaço agora, o PMDB certamente deverá pressionar por mais cargos depois.
 
Outro foco de tensão entre PT e PMDB na hipótese de vitória de Dilma, e que pode afetar o ritmo de votações no final do ano, será a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado. Apesar de a eleição só ocorrer em fevereiro de 2015, a discussão começará após o primeiro turno das eleições, pois já se saberá que partido elegeu a maior bancada. Pela regra informal entre as legendas, a maior delas tem o direito de indicar o presidente.
 
Ou seja, a presidente Dilma deve terminar o seu primeiro mandato com importantes desafios na sua articulação política e, caso reeleita, seu segundo mandato não deverá ser diferente. Pode ser é ligeiramente mais complexo, considerando que ela não terá mais perspectiva de retornar ao poder.