A liberdade de imprensa parece estar ganhando novamente seu espaço após alguns episódios de censura. Na próxima semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá publicar, no Diário da Justiça, o resultado do julgamento no qual a Corte decidiu derrubar a Lei de Imprensa e fixou o entendimento de que a liberdade de expressão é ampla e não se admite nenhum tipo de censura. A impossibilidade de ocorrer a censura prévia constará textualmente no acórdão, que é o resumo da decisão a ser publicada. Segundo ministros do Supremo, após a publicação, veículos de comunicação que estão sob censura poderão recorrer diretamente ao STF, sem passar pelos tribunais inferiores, para derrubar decisões judiciais que impedem a publicação de reportagens.
O jornal O Estado de São Paulo foi um dos envolvidos neste caso. Há três meses o desembargador do Tribunal de Justiça (TJ) do Distrito Federal, Dácio Vieira, censurou o periódico, proibindo a publicação de reportagem sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal (PF), que investigou o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Vieira, ex-consultor do Senado, era do convívio da família Sarney. A defesa do jornal recorreu diversas vezes ao TJ, mas a censura persiste até hoje.
A medida adotada sobre a Lei de Imprensa, que poderá servir da base para as reclamações contra censuras impostas pelo Poder Judiciário, foi tomada em abril pelo plenário do STF. Na ocasião, o tribunal concluiu que a essa lei era incompatível com a Constituição e considerou a censura inadmissível. Editada em 1967, a Lei de Imprensa era uma das últimas heranças do tempo da ditadura militar no Brasil que continuavam em vigor.