A candidatura de José Serra (PSDB) à prefeitura de São Paulo com apoio de Gilberto Kassab (PSD) criou alguns problemas para o PT e seu candidato, Fernando Haddad. Um deles foi o congelamento da negociação da aliança com o PSD. O outro foi valorizar os partidos que podem fazer coligação com o PT.
O PP participa tanto da base aliada federal quanto do governo Geraldo Alckmin (PSDB) e deve apoiar Serra, assim como o DEM. PSB e PDT, partidos importantes da base de Dilma no Congresso, são assediados pelo PSDB. Enquanto isso, PMDB e PCdoB, também aliados da presidente, apostam nas pré-candidaturas, respectivamente, de Gabriel Chalita e Netinho de Paula.
O PR, atento aos problemas que a candidatura de Serra causa para o PT, resolveu encarecer seu passe. Primeiro passou a reivindicar a troca de Paulo Sérgio Passos no Ministério dos Transportes por outro quadro do partido. Depois, vazou a informação que Tiririca (PR-SP) pode ser candidato a prefeito. Tiririca foi o deputado federal mais votado do Brasil em 2010 (1.079.884 de votos).
Quando observamos o cenário das possíveis alianças, Serra larga na frente de seu principal concorrente, Haddad. Hoje, o ex-governador tem o apoio de PSD, PP e DEM (centro-direita e direita do espectro ideológico) e, com a ajuda de Geraldo Alckmin, tenta atrair PSB e PDT para o ninho tucano.
Apesar da desvantagem inicial, há espaço para Fernando Haddad construir uma aliança competitiva. Para isso, terá a seu lado o Palácio do Planalto e o ex-presidente Lula.
O primeiro sinal de que o jogo será forte foi a escolha do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) para o Ministério da Pesca. Crivella é do mesmo partido de Celso Russomano, pré-candidato a prefeito de São Paulo. O eventual apoio do PRB a Haddad é importante para que o PT rompa resistências junto ao eleitorado evangélico e conservador.
O Planalto usará ainda seu poder e influência para atrair PSB, PDT e PR à coligação liderada por Haddad. No caso do PSB, existe a negociação envolvendo o apoio do PT à reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. Os petistas também poderão abrir mão de candidaturas próprias em capitais como Porto Alegre, Florianópolis e São Luís em troca do apoio do PCdoB a Haddad.
Já em relação ao PDT e PR, há o interesse desses dois partidos em manter, respectivamente, o comando dos ministérios do Trabalho e dos Transportes. Vale destacar que, apesar de o PMDB insistir na manutenção da pré-candidatura de Gabriel Chalita, o partido é um provável aliado de Haddad no possível segundo turno contra Serra.
Nessa fase de pré-campanha, observa-se uma vantagem inicial para José Serra por ser mais conhecido que seu adversário e pelas prováveis alianças do ex-governador. Tanto que já aparece com 30% na pesquisa do Datafolha.
O pré-candidato do PSDB tem praticamente assegurado o apoio de PSD, PP e DEM, fato que significa uma maior ocupação do tabuleiro eleitoral, assim como mais tempo de TV. Porém, há tempo e espaço político para Haddad equilibrar o jogo e tentar ser principal adversário de Serra na capital paulistana.