Não bastasse a pluralidade de opiniões sobre o conteúdo da reforma política, uma nova contenda entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal quanto à forma de condução dos seus trabalhos deve atrapalhar ainda mais qualquer definição sobre o assunto.
O motivo é que a comissão da reforma política do Senado já tomou sua decisão, sem debates, em favor de temas polêmicos como o fim da reeleição para ocupantes do Executivo e o voto em lista fechada dentro do sistema proporcional. Iniciada de fato em 15 de março, tem apenas mais uma reunião agendada na terça-feira para decidir, entre outros temas, sobre financiamento de campanha, fidelidade partidária e candidaturas avulsas. Nos dois dias seguintes, conclui os trabalhos, diz o Valor Econômico. Na Câmara, porém, a previsão é de mais debate por pelo menos mais dois meses. A primeira reunião efetiva ocorreu também no dia 15 de março mas, desde então, nada foi decidido. Os encontros se restringem a amplos debates sobre aspectos pontuais da reforma política, como o de sistemas eleitorais, e a definição de locais e especialistas para as inúmeras audiências públicas previstas. Ocorre que, como simultaneamente a comissão do Senado tomava suas decisões, os deputados foram se sentindo pressionados a apresentar resultados. Nas duas últimas reuniões, o assunto foi recorrente. A decisão, contudo, foi a de que a metodologia seria mantida.