Da Folha de São Paulo:
O resultado das eleições para direção do PT em Minas Gerais e Rio, 2 dos 4 Estados que passam hoje por segundo turno, pode aumentar o impasse em torno da estruturação de palanques regionais com o PMDB em prol da candidatura à Presidência da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
O segundo turno nos dois Estados tornou visíveis divergências regionais no partido. Também evidencia o potencial que as lideranças favoráveis a candidaturas próprias têm de atrapalhar planos da direção nacional petista, que quer priorizar a aliança nacional com o PMDB -com o PT abrindo mão de candidatos em Estados.
Pelo desejo da cúpula do PT e de Lula, o partido deixaria de encabeçar chapas ao governo em todos os Estados da região Sudeste, responsável por cerca de 40% dos votos nacionais.
O candidato preferido da direção nacional do PT em São Paulo, onde não há acordo com o PMDB estadual, é o deputado federal Ciro Gomes (PSB-SP) -que ficaria fora da disputa pelo Planalto. No Espírito Santo, o PT deve apoiar o candidato peemedebista, com o prefeito de Vitória, João Coser, concorrendo ao Senado.
Já no Rio, o acordo até o momento era apoiar a reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB), tendência que ganha força se o vitorioso hoje for o deputado federal Luiz Sérgio. Caso o atual vice-presidente do diretório, Lourival Casula, vença a disputa, fica reforçada a candidatura própria.
Em Minas, os dois candidatos são favoráveis ao PT ter seu candidato ao governo, embora Gleber Naime, do grupo do ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) seja mais flexível a uma composição com o PMDB do que Reginaldo Lopes, candidato do grupo do ex-prefeito Fernando Pimentel.
Mesmo lideranças do PT favoráveis aos palanques únicos veem um lado positivo na rebeldia dos diretórios estaduais que defendem candidaturas próprias. Segundo eles, a demonstração de que há disputa interna dá mais cacife ao PT nas negociações com o PMDB.
O recém-eleito presidente do partido, José Eduardo Dutra, prega diálogo e respeito a disputas históricas. "Candidaturas próprias são mobilizadores naturais no PT", afirma.
Ele é um dos mediadores de reuniões de conciliação entre lideranças do PT e PMDB nos Estados com problemas. A primeira tentativa, na semana passada, entre a governadora Ana Júlia (PT) e o deputado federal Jader Barbalho (PMDB), ambos interessados no governo, não deu certo.