A seguir, análise da Arko América Latina sobre a semana na Bolívia:
O governo boliviano está numa situação de fogo cruzado. Três focos de tensão emergiram colocando a gestão de Evo Morales num momento decisivo para a sua história.
O primeiro foco é a ruptura dos prefeitos com o governo central, o que pode levar à necessidade de medidas radicais por parte do executivo, uma vez que estão recusando a autoridade central e o problema está polarizando entre aceitar que o presidente se
desfaça dos prefeitos, ou recusar a fiscalização do governo boliviano. A tendência é que se caminhe para uma tensão cada vez maior.
O segundo foco são as investidas da oposição para barrar a Lei da Maioria Absoluta para aprovar os Projetos de Lei na Constituinte. O argumento é que a maioria absoluta não pode ser critério e tronará ilegal o processo constituinte. A oposiçao está se mobilizando e já definiu uma estratégia. Dentre várias ações, mobilizações sociais para impedir que essa lei seja aprovada.
O governo, por sua vez, alega que essa é uma posição da direita para destruir a Assembléia Nacional Constituinte, mas, segundo anunciou, não radicalizará, buscando o diálogo como forma de solucionar a questão. O terceiro foco de tensão pode ser um tiro amigo: é a marcha dos povos indígenas para pressionar o Senado a aprovar as modificações na Lei de Reforma Agrária.
O governo declarou que a marcha é legal e a está usando como forma de pressão para garantir que uma das propostas eleitorais de Evo Morales seja executada, o que serviria como trunfo para garantir apoio de parcela significativa da população.
Mas, caso os indígenas não consigam muitos resultados e radicalizem, o tiro pode sair pela culatra, levando o governo a tomar uma decisão.
Por mais que o governo negue que a semana será de fogo, esse será um momento chave para Evo Morales. A maneira como resistir a tais pressões pode definir passos de sua gestão no futuro.