A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu um procedimento investigatório criminal (PIC) para investigar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a construtora Odebrecht. A suspeita é de que a empreiteira teria obtido vantagens com agentes públicos de outros países por meio de influência do petista, que deixou o Palácio do Planalto no fim de 2010. Reportagem do jornal O Globo revelou recentemente que o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Alexandrino Alencar acompanhou Lula em uma viagem por Cuba, República Dominicana e Estados Unidos, em janeiro de 2013.
A empresa teria pagado as despesas do voo do ex-presidente, mesmo não sendo uma viagem de trabalho para a empreiteira. No documento do voo, está registrado como “passageiro principal: voo completamente sigiloso.” A empreiteira é uma das investigadas na Operação Lava Jato.
De acordo com a Procuradoria, no último dia 8 uma ação preliminar de investigação foi convertida em um processo formal de investigação. Essa investigação preliminar havia sido revelada em maio pela revista Época. Agora, investigadores podem usar todos os instrumentos investigatórios – incluindo ações invasivas como busca e apreensão, quebra de sigilo, etc – para apurar suposta prática de tráfico de influência internacional cometida pelo ex-presidente em favor da Odebrecht.
A empreiteira é alvo de outras investigações em curso. No mês passado, o presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, foi preso na 14ª Fase da Lava Jato. Além de Marcelo, Alexandrino Alencar foi preso pela PF.
A investigação está a cargo do Ministério Público Federal e é conduzida pela procuradora Mirela Aguiar. A conversão de uma notícia de fato em uma ação equivalente a um inquérito ocorreu na semana passada. Contudo, como não há participação da Polícia Federal e do Judiciário, o procedimento não é chamado formalmente de inquérito pela Procuradoria.
O Instituto Lula informou por meio de sua assessoria que recebeu com surpresa a informação de abertura de Procedimento Investigatório Criminal contra o ex-presidente. A instituição informou que entregou na semana passada à procuradora Mirella de Aguiar todas as informações e documentos sobre as viagens do ex-presidente e as atividades relacionadas a elas e sugere que haveria pouco tempo para a análise dos documentos. O instituto afirma ainda que serão provadas a legalidade e a lisura de todas as suas atividades.