Após conceder descontos de até 30% no preço do aço desde agosto passado, as siderúrgicas brasileiras viraram o jogo em abril e conseguiram reajustar seus produtos entre 6% e 10%, segundo o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). Grandes clientes com maior poder de barganha – como montadoras e fabricantes de eletrodomésticos – ainda tentam resistir à alta, mas o fato é que a redução das importações de aço em 2011 está abrindo espaço para os produtores nacionais repassarem aumentos de matérias-primas que vinham absorvendo até agora, especialmente minério de ferro e carvão. Com os repasses, quem sai perdendo é o consumidor, que tende a desembolsar mais dinheiro na hora de comprar itens derivados de aço, como carros, geladeiras e fogões.
Em 2010, quando o consumo de aço no país alcançou o recorde de 26,6 milhões de toneladas, a enxurrada de produtos siderúrgicos vindos do exterior segurou os preços no Brasil. A parcela de aço importado no consumo nacional foi de 22%, bem maior que no ano anterior, de 12%. O salto resultou desvalorização do dólar, que levou distribuidores e grandes clientes a buscar fornecedores lá fora, e da tentativa desses consumidores de elevar seus estoques, num cenário de disparada de preços do minério de ferro. A matéria-prima, principal insumo da siderurgia, subiu 75% em 2010, após queda de 42% em 2009. Nos primeiros quatro meses de 2011, já acumula alta de quase 30%. (O Globo)