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PMDB se movimenta para ampliar poder na reforma ministerial , por Murillo de Aragão

Prevista para o final deste mês, a reforma ministerial da presidente Dilma Rousseff (PT) está provocando uma intensa movimentação no PMDB, principal aliado do governo em Brasília. Na semana passada, após Dilma ter dito ao vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), que o PMDB não teria seu espaço ampliado na Esplanada dos Ministérios (de cinco para seis pastas), houve reação por parte dos peemedebistas.
 
Líderes do PMDB, além de ameaçarem antecipar de junho para abril a convenção nacional do partido, que tem o poder de deliberar sobre o destino da legenda nas eleições, chegaram a falar na possibilidade de romper com o governo, hipótese praticamente impossível de ocorrer, dado o favoritismo da presidente na corrida eleitoral deste ano para Presidência da República.
 
A resistência de Dilma em ceder mais uma pasta ao PMDB decorre da necessidade de acomodar outras legendas, como PTB, PROS e PSD, visando à ampliação de seu tempo de TV no horário eleitoral gratuito. Além disso, ao aumentar o poder desses partidos na Esplanada, Dilma os afasta cada vez mais de seus principais adversários na disputa (Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB).
 
Mesmo diante desse cenário, o PMDB quer expandir seu espaço no governo. O grande alvo peemedebista é o Ministério da Integração Nacional. O desejo do partido é a indicação do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) para o comando da pasta. No entanto, como os irmãos Gomes (Cid e Ciro) deixaram o PSB e ingressaram no PROS para dar o palanque a Dilma no Ceará, importante colégio eleitoral da Região Nordeste, a tendência é que a Integração Nacional seja dada ao PROS, como forma de compensar o movimento feito pela família Gomes.
 
Assim, o PMDB, que comanda os ministérios de Minas e Energia, Agricultura, Turismo, Previdência e Aviação Civil, direciona suas atenções para a cobiçada Secretaria de Portos. Como o Ministério do Turismo pode ser entregue ao PTB, em troca do apoio desse partido à reeleição de Dilma, o PMDB pode ser contemplado com a Secretaria de Portos em troca da entrega do Turismo ao PTB. Mesmo que numericamente isso não aumente a representação do PMDB na Esplanada, o partido passaria a ter mais poder, já que Portos possui muito mais recursos financeiros e influência política que Turismo.
 
No entanto, não pode ser descartada a possibilidade de a Secretaria de Portos ir para o PSD, já que no entendimento do governo esse partido estaria sub-representado. Vale destacar que o PSD é importante para o PT, principalmente em São Paulo, onde a eventual candidatura a governador do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) é fundamental para aumentar as chances de um segundo turno entre o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT). Porém, vale destacar que, caso a Secretaria de Portos seja dada ao PSD, dificilmente o PMDB abriria mão do Turismo para o PTB.
 
Outra pasta de destaque é o Ministério das Cidades. Apesar de o PMDB ter mencionado interesse nela, a tendência é que ela continue sendo comandada pelo PP. O nome mais cotado para assumir o cargo é o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional de seu partido.
 
Mesmo que o governo tenha mencionado o desejo de indicar o presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva (PMDB-MG), filho do falecido ex-vice-presidente José Alencar, para o lugar de Fernando Pimentel (PT-MG) no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o PMDB enxerga a possível escolha de Josué como da cota pessoal de Dilma Rousseff e não como indicação partidária.
Apesar dos interesses opostos entre governo e PMDB na reforma ministerial, a decisão da presidente Dilma Rousseff de adiar para o dia 29 de janeiro a resposta ao pleito do partido de aumentar sua presença na Esplanada dos Ministérios acalmou os ânimos no PMDB. Ainda que o partido não tenha sua demanda atendida, a insatisfação demonstrada pelo PMDB pode aumentar seu poder no governo (mediante a possível troca do Ministério do Turismo pela Secretaria de Portos) ou então levar o PT a apoiar os candidatos a governador do PMDB em estados onde os dois partidos até agora não se acertaram.