Politização da economia
28 de junho de 2013
Crise abala relação PMDB-PT para 2014
28 de junho de 2013
Exibir tudo

Percepção, realidade e 2014

Percepção e realidade são igualmente importantes na construção das decisões. Um governo não pode ser eficiente e parecer desonesto. Um governo não pode ter o controle dos fundamentos e não conseguir produzir boas expectativas.
 
Em política, a gestão da realidade e das percepções é igualmente relevante para a construção de histórias de sucesso. No entanto, existe algo que preocupa: no mundo superficial em que vivemos, a percepção vale mais do que a realidade.
 
George Soros diz que, no mercado financeiro, uma das teses é a de que aquilo que é repetido exaustivamente termina acontecendo. O Brasil não ia tão mal a ponto de gerar tantas desconfianças. Mas de tanto se falar mal, começou a ratear e pode ficar em dificuldades.
 
Guido Mantega não tem conseguido ser um bom gestor das expectativas junto às elites econômicas. Paga o preço por ter uma postura tímida, ter feito alguns prognósticos imprecisos e ter sido o gestor de uma política monetária agressiva contra os interesses do grande capital financeiro no Brasil. 
 
Mantega parece aquele centroavante que passa muitos jogos sem marcar gols e começa a despertar antipatia e impaciência entre os torcedores e a crítica. Muitos acham que o que ele faz está errado e que o melhor seria se livrar dele o mais rápido possível. 
 
Longe de querer julgá-lo de forma pontual, até mesmo pelo fato de que ele é – sem dúvida – um dos mais exitosos ministros da economia da história do Brasil, Mantega não tem conseguido gerenciar bem as expectativas. O desempenho pífio da economia tem sido atribuído a ele, ainda que não se possa a atribuir a ele o aparente fracasso das fórmulas destinadas a acordar o crescimento. 
 
Porém – e sempre tem um porém –, não parece muito consistente substituí-lo apenas porque ele não está funcionando de acordo com as expectativas geradas por percepções nem sempre precisas. Sua eventual substituição deve ser avaliada no campo das realidades econômicas, no campo do que realmente pode ser feito de ora em diante e, também, em relação às expectativas que podem ser geradas.
 
Muitos reclamam da não existência de um “Palocci” que possa substituir Mantega. Tragado por seus equívocos e pela guerra interna partidária, Antonio Palocci ainda não está no ponto para retornar ao palco principal. Embora, perante os agentes econômicos, ele seja o grande nome do lulismo para assumir o cargo.
 
Outro nome seria o de Henrique Meirelles, ex-presidente do BC. Certamente agradaria muito ao mercado e a agentes econômicos. Resta saber se ele quer, e se Dilma toparia ter um ministro com um perfil público mais destacado do que o de Mantega. 
 
Sem um “Palocci” e com dúvidas acerca de Meirelles, fica claro que existe uma grave escassez de nomes que possam agregar expectativas positivas ao comando da economia no Brasil. 
 
Outra solução seria trazer alguém de fora do âmbito econômico mas com destaque empresarial. E aí um nome surge de pronto: o de Jorge Gerdau. Sempre lembrado para cargos, Gerdau seria uma solução para trazer confiança e boas expectativas quanto ao desempenho econômico do Brasil. 
 
Sem Meirelles ou Gerdau, resta-nos torcer para que os gols de Mantega comecem a acontecer logo e que ele consiga voltar a provocar percepções positivas que terminem contaminando positivamente as expectativas do país. 
 
Para Dilma Rousseff, tal questão é essencial. A deterioração das expectativas já começa a cobrar o preço na sua popularidade. Segundo o Datafolha, a presidente perdeu oito pontos em três meses. Não conseguindo equilibrar o jogo das percepções, o custo eleitoral da reeleição de Dilma vai crescer muito e fragilizá-la no campo político.