A visita da presidente Dilma Rousseff à China trouxe, a curto prazo, resultados mais positivos para o Brasil do que para Pequim, mas a conta será cobrada no futuro, segundo avaliam integrantes do governo e analistas do setor privado. Em troca de acenos como a abertura do mercado chinês para a carne suína in natura, a compra de mais aviões da Embraer e investimentos na produção do tablet iPad, os chineses querem se beneficiar do que consideram um manancial de oportunidades de investimentos nas próximas décadas e, ainda, contar com um fornecedor firme de recursos naturais. Embora as autoridades do governo chinês não tenham dito claramente suas pretensões, Pequim deu sinais de que não se furtará a reivindicar vantagens em projetos de infraestrutura e logística. São exemplos o pré-sal, o trem-bala, a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Além disso, altamente dependentes de recursos naturais, os chineses gostariam de receber tratamento preferencial em relação a outros parceiros internacionais.
Foco está em petróleo, alimentos e mineração
Entre os exemplos da preferência sutilmente reivindicada estão a exploração e processamento de minérios, a exportação facilitada de petróleo à China e a produção e o esmagamento de soja por empresários chineses que compraram terras em Goiás, Mato Grosso e Bahia. Impedido de direcionar licitações e leilões, o governo brasileiro poderia criar condições de participação em benefício dos chineses.