A partir de sinalizações do establishment negando apoio ao impeachment e a favor de uma solução rápida para a crise política e econômica, quatro personagens considerados pilares do governo da presidente Dilma Rousseff entraram em ação e reduziram a pressão política. Essas referências são o ex-presidente Lula, o vice-presidente Michel Temer (PMDB), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Apesar do atual distanciamento entre Dilma e Lula, o ex-presidente continua exercendo papel fundamental na interlocução com políticos e movimentos sociais. Semana passada, Lula teve encontro com importantes lideranças do PMDB para retomar o diálogo com a legenda. Da mesma forma, tem sido essencial para estabelecer uma ponte entre o governo e os movimentos sociais.
A presidente foi defendida publicamente por trabalhadoras do campo (Marcha das Margaridas). O presidente da CUT, Vagner Freitas, chegou a dizer que defenderia Dilma com “armas na mão”. Diante da repercussão negativa, disse que usou de uma metáfora.
O vice-presidente, Michel Temer, é a ligação mais forte entre o PT e o PMDB. Dele depende a permanência do partido na base. Será ele também quem definirá o timing da união entre as duas legendas, já que o PMDB não quer continuar com o PT na eleição presidencial, em 2018.
Por meio de Renan Calheiros, a presidente está tentando melhorar sua relação com o Congresso, que sofreu forte abalo depois da decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter anunciado rompimento com o Executivo. Joaquim Levy é o principal fiador do governo no mercado e entre as agências de classificação de risco.
Além da agenda fiscal, Levy articula com o Congresso uma outra destinada a estimular a economia. Sua presença nessas conversas tranquiliza o setor financeiro a respeito de um possível pós-ajuste que evite medidas populistas ou que aumentem o gasto público.