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Os caminhos de cada um no segundo turno

Nos dias de hoje os boatos estão à solta. Ontem à  tarde , uma das minhas fontes me disse que o Datafolha ia trazer Lula com 10 pontos de vantagem. Pediu a minha análise dos fatos. Respondi que a subida do Lula não era inesperada. O bom desempenho de Alckmin  no debate da Band poderia não refletir imediatamente nas pesquisas. Lembrei do filósofo Jose Genoíno: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.  


Chegando ao final da segunda semana de campanha, Lula leva vantagem. Na Arko Advice, nosso posicionamento sempre foi o de creditar a ele  a condição de favorito. Tal condição somente seria ameaçada caso um fato novo acontecesse. Foi o caso do dossiê Cuiabá, cujo efeito maior foi o de levar a disputa para o segundo turno.


Na medida em que o governo claramente esfria as investigações a mídia eletrônica não tem por que atacar  Lula e o seu governo e aliados. Sem ataques na mídia eletrônica não poderá existir grandes movimentos de votos a favor de Alckmin. Quando falo de mídia eletrônica falo do Jornal Nacional, que é o grande formador de opinião para a massa. Em segundo plano, as grandes redes de rádio.


Lula gozou de enorme complacência do Jornal Nacional ao longo da crise do mensalão. Sua figura de presidente foi poupada de eventuais relações íntimas com o escândalo do mensalão. Tal complacência sumiu na entrevista feita com ele no Palácio do Planalto em agosto, no noticiário inicial do dossiê Cuiabá e na ausência do debate final do primeiro turno. Lula perdeu votos nas três ocasiões. Do início do segundo turno para cá, a única má notícia sobre  Lula foi o seu péssimo desempenho na Rede Bandeirantes.   


Para Alckmin, a pesquisa Datafolha é ruim. Mas não é uma tragédia. Os caminhos para ele vencer a eleição ainda estão abertos. Pode ser mais fácil se houver algum vazamento com fatos comprometedores do dossiê Cuiabá. No entanto, não deve contar com isso. Deverá utilizar bem a propaganda eleitoral, amarrar bem a sua liderança em São Paulo,  reduzir a diferença para Lula em Minas Gerais, melhorar seu desempenho na Bahia , Pernambuco e no Rio de Janeiro.  Não é fácil, mas não é impossível.


Para Lula consolidar sua diferença o caminho também é claro: impedir qualquer vazamento de informação comprometedora sobre o envolvimento de petistas no dossiê. Poderá perder a eleição se aparecer revelações mais contundentes sobre o dossiê.  Sem notícias novas, a situação é bem mais tranqüila. Para evitar surpresas deve cuidar de  melhorar seu desempenho em São Paulo, manter a ampla vantagem no Rio, Minas, Bahia e Pernambuco.  Por fim, ser um pouco melhor nos debates da TV Gazeta e Rede Globo.