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23 de novembro de 2012
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Oposições necessárias

Pelo rumo que tomaram as eleições municipais, o PSDB e o DEM, principais partidos de oposição às gestões Lula/Dilma, vão governar menos eleitores a partir do próximo ano. Tal queda vem sendo verificada eleição após eleição.

Mesmo com a exposição do PT e de partidos aliados no julgamento do mensalão – arma utilizada pela oposição em suas campanhas –, não foi possível evitar que as legendas que dão sustentação ao Planalto ampliassem seus domínios e que houvesse uma consequente perda de espaço das siglas opositoras.

Considerando que o discurso “politicamente correto” dos tucanos não resultou em avanços, o PSDB, maior partido de oposição, terá de criar um discurso capaz de seduzir a sociedade, visto que os argumentos até então utilizados não tiveram o efeito esperado.

Fernando Henrique Cardoso, logo após as eleições, alertou para a necessidade de se renovar o discurso do partido. Não é tarefa fácil. Após quase dez anos longe do poder federal, o PSDB já teria de ter encontrado temas e maneiras de se posicionar frente ao eleitorado.

Além disso, a eleição em São Paulo trouxe um aspecto emblemático para o futuro do partido. A campanha do ex-governador José Serra à prefeitura paulista repetiu a tática de trazer para o debate questões que terminaram rotulando o partido como uma força conservadora.

Para o PSDB, que nasceu como um partido de vanguarda e que teve um rol expressivo de realizações para a modernização do país, retomar um pensamento de vanguarda é a solução. Mesmo que não signifique ser popular.

O DEM vive situação ainda pior e estuda que caminho seguir diante do processo de esvaziamento por que passa. Independentemente de expressiva vitória de ACM Neto em Salvador, uma capital importante, o partido deve continuar a analisar a alternativa de fusão com outra legenda. E, como alguns membros defendem, deve avaliar até mesmo um reposicionamento no cenário político atual.

Duas alternativas parecem ser as mais adequadas: uma fusão com o PSB ou (talvez menos dolorosa) uma fusão com o PTB. Continuar solo significa se transformar em uma legenda auxiliar do PSDB.

Tais definições são imperativas para o futuro dos dois partidos oposicionistas, pois as estratégias de ambos podem chegar em 2014 desalinhadas. O PSDB, que sonha com a volta ao Palácio do Planalto, pretende contar mais uma vez com o DEM nessa empreitada. Os democratas podem estar preocupados apenas com a própria sobrevivência, privilegiando a eleição de parlamentares ou integrando outro projeto.

A fragilidade política das oposições é fator muito preocupante para a democracia. Toda a unanimidade é burra, como disse Nelson Rodrigues. Pelo simples fato de que tolhe a criatividade para se buscar novas soluções.

A unanimidade é conservadora. Para um país avançar é necessário não apenas a existência de oposições. Mas que sejam eficientes em levantar questões, em propor alternativas e expandir os horizontes do pensamento.

Cabe as oposições uma atitude mais ativa, crítica e propositiva. Até mesmo reconhecendo os acertos para se credenciar para criticar os erros.