Até o próximo dia 30 de abril, a Petrobras apresentará finalmente seu balanço do ano passado, anúncio que contribuiu para alimentar uma visão otimista dos próximos passos da empresa para sair da crise na qual está envolvida há seis meses. Nos últimos 60 dias, uma sequência de fatos positivos contribuiu para a recuperação da imagem da estatal.
A posse de Aldemir Bendine na presidência, há dois meses, foi o ponto de partida do caminho da virada que agora transmite mais confiança a todos. A intensidade das notícias negativas baixou, até porque o nome de Bendine não estava associado ao escândalo. O foco passou a ser a complexa fórmula contábil para fechar o balanço.
Mais recentemente, começaram a vazar informações sobre o sucesso da Petrobras no diálogo com os órgãos de fiscalização no Brasil (CVM) e nos Estados Unidos (SEC) para resolver o impasse sobre como escriturar as irregularidades no ativo da estatal. O entendimento parece próximo. No lugar da anotação de perdas decorrentes de corrupção, haveria uma reavaliação de ativos, cujo valor é estimado em R$ 30 bilhões.
Na semana passada, dois fatos contribuíram para a melhoria do cenário: a empresa conseguiu um empréstimo de R$ 3,5 bilhões no Banco da China e suas ações subiram 5% na bolsa, chegando a R$ 10 bilhões. As duas notícias contribuíram para melhorar o clima financeiro numa semana em que o governo anunciou o pior resultado das contas públicas desde o início da série histórica, em 1997.
Segundo números divulgados pela Secretaria do Tesouro Nacional, foi registrado um déficit primário (receitas menos despesas, sem contar os juros) de R$ 7,35 bilhões no mês passado. O ministro Joaquim Levy poderia ter segurado alguns pagamentos para evitar que sua contabilidade fosse feita em fevereiro, o que agravou o déficit, mas ele optou por encarar a verdade.
O efeito foi bastante favorável. O mercado e o mundo político resolveram encarar o fato de que há problemas, mas eles estão sendo atacados. Afinal, não seria possível permanecer apostando no pior o tempo todo.