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O esgotamento do modelo político

Murillo de Aragão


 


Acabou. Não vai dar em nada de bom. O atual modelo político não funciona. Fracassou a redemocratização brasileira no tocante à ética e a moralidade na gestão pública. O pior é que o modelo político vigente impede o país de realizar o seu potencial. Não temo um futuro brilhante pela frente. Seremos um país mais ou menos. De muitas oportunidades e muitas injustiças. Tudo misturado.


 


Desde a redemocratização, o Brasil vive um ciclo de escândalos políticos. Sem atribuir culpa a um ou outro presidente, o certo é que o nosso modelo político gera corrupção em larga escala. O que acontece em Rondônia não espanta. Já aconteceu em Roraima, o conhecido escândalo dos gafanhotos. A declaração do dono da Planam de que 70% dos deputados estão à venda também não espanta. Quem conhece um pouco mais da política sabe que a barra está pesada no Congresso há muitos anos.


 


O episódio de Rondônia é exemplar por mostrar a aliança entre dois poderes o Legislativo e o Judiciário para explorar os recursos públicos. Aproveitando-se de suas respectivas independências, os poderes saqueavam os cofres do povo de Rondônia de forma descarada. O pior de tudo é que o mesmo está acontecendo em outros estados e em dezenas, talvez, centenas de prefeituras. A nossa sociedade assiste a tudo entre letárgica e omissa. Não discordo de Ferréz, quando diz que um dia vamos acordar e f….*!. Estamos no caminho.


 


Os ganhos ocorridos no âmbito fiscal servem para manter a supremacia do poder público sobre a sociedade. Desmobilizando-as por meio de concessões e esmolas, como as recentes medidas para a agricultura e para os exportadores. São migalhas que caem do banquete do estado e que são disputadas avidamente pelos mais bem articulados. E só.


 


A idéia de Lula em fazer uma constituinte para fazer uma reforma política é boa. Mas é um factóide. Tem cheiro de verdade, gosto de verdade, mas não é verdadeira. O mais lógico, em primeiro lugar, seria a tomada de medidas mais realistas. A primeira delas seria a de promover um mutirão ético em conjunto com o Congresso que é controlado pelos seus aliados Aldo Rebelo e Renan Calheiros e a Justiça Eleitoral. Aplicando com rigor a atual legislação, a justiça poderia provocar uma devastação no quadro de mensaleiros e sanguessugas que tentam disputar a reeleição. O caminho mais rápido é o de apoiar o movimento de Miro Teixeira que está provocando à Justiça e ao MP para impedir que as sanguessugas disputem as eleições.


 


A segunda medida seria a de aprovar em regime de urgência alguns temas que estão envelhecendo no Congresso, tais como: o voto distrital misto, o financiamento público de campanha, a redução da imunidade parlamentar, reforço da fidelidade partidária, redução do prazo de campanhas, entre outras medidas.


 


Assim, se o jogo da reforma política for de verdade, existem caminhos mais simples e rápidos.