Certo dia, almoçando no Gero em Brasília com minha mulher, encontrei o Luiz Carlos Sturzenegger. Grande figura e advogado de primeira. Um dos craques de Brasília. Luiz me sugeriu um livro espetacular: O drible, de Sérgio Rodrigues (Companhia das Letras, 2013). Não tenho muito tempo de ler obras de ficção. Tenho me concentrado em texto sobre política, em especial, sobre questões relacionadas a poder, política e autoridade.
Porém, dada a recomendação entusiasmada de Luiz Carlos, comprei o livro no mesmo dia, na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi de Brasília. Ainda não terminei. Mas em dois ou três dias, venci mais da metade e fiquei impressionado com a história e a forma criada e contada por Rodrigues.
Enfim, o livro trata do diálogo entre um filho e o pai. Após uma convivência difícil, filho e pai ficam afastados por muitos anos até que, por conta de uma notícia de que o pai estaria para morrer, o filho vai ao seu encontro.
O livro tem o futebol como pano de fundo e, nesse quesito, Rodrigues mostra um conhecimento enciclopédico, ao criar os diálogos do personagem que havia sido um dos grandes da crônica esportiva do Rio de Janeiro. Não sei se ele mencionou o glorioso Nacional de Muriaé (MG), terra natal do autor.
Para não estragar o prazer da leitura, além de tudo o que se pode dizer de bom do livro em termos de enredo e construção, Sérgio Rodrigues mostra uma faceta de analista extraordinária, ao destacar o fato de o rádio, com suas transmissões esportivas mágicas, ter criado a magia do futebol brasileiro.
Lembrei-me dos meus tempos de menino, quando ouvia Olaria e Campo Grande jogando em ítalo del Cima, a partir da transmissão da finada e saudosa Rádio Continental. Os locutores conseguiam transformar peladas uniformizadas do subúrbio carioca em pelejas históricas.
Finalmente, o livro de Sérgio Rodrigues é leitura importante. Não apenas como diversão, mas como cultura e reflexão sobre o que somos como país e como brasileiros.