O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos (PSB-PE), prováveis candidatos a presidente da República nas eleições de 2014, ensaiaram na semana passada, em um jantar realizado em Recife, uma espécie de acordo temporário visando à disputa pelo Palácio do Planalto.
Essa aproximação serve aos dois pré-candidatos, principalmente se levarmos em conta que a chance de uma aliança formal entre PSDB e PSB na disputa presidencial é próxima de zero. Para Aécio Neves, uma aliança com Eduardo Campos seria importante pela força do governador de Pernambuco no Nordeste.
Acontece que Campos possui uma relação histórica com o PT e o ex-presidente Lula. Assim, uma composição com Aécio representaria “fechar as portas” para os petistas e para Lula, o que não interessa. Sobretudo pela dependência econômica de Campos ao governo federal, o que poderia trazer problemas financeiros e políticos para seu governo em Pernambuco.
No entanto, o diálogo temporário com Aécio Neves é interessante para Eduardo Campos, principalmente se ele conseguir ser o adversário da presidente Dilma Rousseff (PT) num eventual segundo turno, quando precisaria atrair o máximo de eleitores do PSDB para seu lado.
Para Aécio, o diálogo com Campos é igualmente relevante. Mesmo sem a possibilidade de uma aliança formal com o PSB, a aproximação com o governador pernambucano fortalece seu nome como potencial candidato a presidente, o que, se ocorrer, tende a contribuir para que Dilma perca votos no Nordeste para Campos, além de tirar um potencial aliado da coligação da presidente.
A boa convivência entre Aécio e Campos também vale para os palanques estaduais. No encontro da última quinta-feira (29), ficou aberta a possibilidade de alianças entre PSB e PSDB em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Paraíba e Alagoas. Nesse caso, socialistas e tucanos seriam aliados nesses estados, o que é fundamental para fortalecer suas estruturas de campanha nesses colégios eleitorais. Quanto à disputa presidencial, o candidato a governador da aliança entre os dois partidos daria seu palanque para Aécio e também para Campos na eleição presidencial.
Em que pese o diálogo positivo entre Aécio Neves e Eduardo Campos, o bom relacionamento entre eles não deve ser duradouro. Ao mesmo tempo em que um precisa do outro para ampliar o leque de alternativas à Dilma na disputa presidencial de 2014 e aumentar a chance de segundo turno, em algum momento da disputa Aécio e Campos terão que se enfrentar ou tomar caminhos opostos. (Num eventual segundo turno entre Dilma e Aécio, é remota a possibilidade de Campos apoiar o PSDB.)