A prisão de Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, sinaliza que a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal (PF), continua gerando desdobramentos.
Existe a expectativa de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhe ao Supremo Tribunal Federal (STF), a partir de fevereiro, os pedidos de abertura de inquérito contra parlamentares e autoridades citados nas delações premiadas da Lava-Jato. Além disso, após a denúncia que será oferecida por Janot ao STF, a tendência é que uma nova CPI da Petrobras seja criada no Congresso Nacional, tensionando ainda mais os ânimos do sistema político em Brasília.
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Entre os partidos, há o temor entre os partidos de que Cerveró, depois de um período na prisão, acabe colaborando através da delação premiada, assim como fizeram o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef. O PMDB é o partido mais apreensivo com possíveis novas revelações de Cerveró, já que este foi apontado nas delações premiadas feitas até o momento como o operador do partido na Petrobras.
Aliás, não por acaso na semana passada o comando nacional do PMDB fez uma declaração formal de apoio ao deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL), pré-candidatos, respectivamente, à presidência da Câmara dos Deputados e à do Senado Federal. A ação visa evitar que fatos novos surgidos na Operação Lava-Jato enfraqueçam a posição do partido, o que pode trazer problemas para os interesses da legenda na disputa, em fevereiro, pelo comando do Congresso.
Na Câmara, o PMDB tenta conter os movimentos do Planalto para fortalecer a pré-candidatura do deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP). Já no Senado, o partido busca enfraquecer os movimentos de PSDB e DEM, que tentam estimular o lançamento de um candidato peemedebista alternativo a Renan para a presidência do Senado, trazendo risco de divisão da bancada do partido na Casa.