A presidenta Dilma Rousseff, em viagem à China em abril, anunciou que a multinacional taiwanesa Foxconn fará um investimento de US$ 12 bilhões no Brasil no prazo de cinco anos para montar uma nova fábrica de componentes, que produzirá tablets e celulares no País. O CEO da companhia, Terry Gou, encontrou-se com a presidente e anunciou a intenção de fazer a nova fábrica, que deve gerar cerca de 100 mil empregos diretos, dos quais 20 mil engenheiros e 15 mil técnicos.
De acordo com informações veiculadas na imprensa, a empresa Foxconn, entretanto, estabeleceu um pacote de exigências para confirmar o investimento. Os pré-requisitos são amplos, detalhados e abrangentes.
Vamos a eles: 1) ter uma grande propriedade para abrigar mais de uma divisão da Foxconn; 2) o local tem que ter Wi-Fi de alta velocidade; 3) aeroportos de transporte em São Paulo (e outros sem nome) terão prioridade de exportação; 4) apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento, BNDES; 5) ajuda do governo para a procura de investidores; 6) transporte e logística que permitem a entrega rápida de mercadorias de e para instalações Foxconn; e 7) instalações com fio 100% de cabos fibra óptica.
“Os maiores benefícios para a empresa seriam escapar dos pesados custos tarifários de importação e o acesso mais próximo aos mercados dos Estados Unidos e América Latina”, disse Maggie Chou, diretora do Brazil Fund da PCA, uma subsidiária da seguradora britânica Prudential, em Taiwan.
De acordo com a Agência Estado, uma medida provisória reduzindo a tributação dos tablets fabricados no País deve ser encaminhada ao Congresso nesta semana. A previsão, ainda de acordo com a Agência, é que os tablets sejam equiparados aos notebooks, o que reduzirá o preço dos equipamentos em cerca de 30%. Ela é oriunda de proposta desenvolvida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que pôs em consulta pública uma proposta de desoneração de impostos para tablets fabricados no País.
Diante das exigências, a presidenta Dilma Rousseff nomeou um grupo de trabalho composto por representantes dos ministérios do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, Ciência e Tecnologia e Fazenda Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Secretaria de Tecnologia da Informação para avaliar a possibilidade de atendê-las.
Talvez, entidades empresariais e de trabalhadores também devessem participar do grupo de trabalho. Até mesmo para saber exatamente o que favorece e/ou atrapalha a escolha do Brasil como destino de tais investimentos.
A Foxconn age de maneira firme e pragmática. Caso o Brasil não possa atender às suas solicitações, vai procurar outro lugar. México, Argentina e outros países da América Latina estão disputando o investimento e certamente vão oferecer incentivos e estímulos.
A atitude e a determinação dos chineses deveriam inspirar os empresários brasileiros a fazer o mesmo: exigir melhores condições para investir, ajuda para encontrar sócios, crédito justo e sem a intermediação de bancos, redução da carga tributária, menos burocracia, maior infraestrutura, entre outras questões.
No entanto, por conta de uma acomodação atávica e, ainda, pelo imenso temor reverencial de que o governo possa, eventualmente, retaliar, vetando o acesso ao seu cadinho de benesses, existe uma certa timidez quanto a reivindicações. Ou quanto a um viés específico de reivindicações.
A pauta da Foxconn deveria servir de exemplo ao empresariado nacional. E deveria, na medida do investimento prometido, ser estendida a quem cria postos de trabalho no país.
Assim, proponho que a lista de demandas da Foxconn seja adotada por todos os que queiram investir e criar novos empregos no Brasil. Em especial, em setores de elevado emprego de mão de obra e de desenvolvimento tecnológico.