Veja texto de Ricardo Noblat sobre decisão do TSE:
Lula pode encomendar o terno para tomar posse como presidente da República eleito para um novo mandato.
O tsunami provocado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao reinterpretar a regra da verticalização das alianças partidárias empurrará o PMDB para o colo de Lula.
Na maioria dos Estados, PFL e PSDB disputarão juntos as eleições estaduais. É vantagem para os dois, pois, manter a aliança em torno de Geraldo Alckmin.
O PMDB pretendia não apoiar formalmente nenhum candidato a presidente para se juntar nos Estados com quem quisesse. Em alguns com o PFL e o PSDB, como é o caso de Pernambuco.
Não poderá mais. Só poderão estar juntos nos Estados os partidos que concorrerem juntos à eleição presidencial, segundo o TSE. Ou aqueles que não tiverem candidatos a presidente.
Se o PMDB resolvesse lançar candidato próprio à sucessão de Lula ficaria sem parceiros fortes para disputar as eleições estaduais dado ao fato de que PFL e PSDB estão com Alckmin.
Ocorreria a mesma coisa se o PMDB insistisse em não lançar candidato próprio e em não apoiar Lula ou Alckmin. Isolado, perderá eleições que imagina ganhar nos Estados
Só resta ao PMDB um de dois caminhos: apoiar Lula ou Alckmin.
Apoiar Alckmin é complicado. Primeiro porque Alckmin não tem pinta de quem vai ganhar. Segundo porque será difícil para o PMDB se aliar com o PFL e o PSDB em todos os Estados.
A decisão do TSE obriga os partidos a reproduzirem nos Estados a aliança que firmarem para presidente da República.
Restará então ao PMDB apoiar Lula. Que leva todo o jeito de que vencerá. No mais, o PT não tem candidatos competitivos aos governos estaduais – e o PMDB tem aos montes.
Não será difícil para o PT apoiar os candidatos do PMDB aos governos em troca do apoio do PMDB a Lula. É o que o próprio Lula tem dito aos principais caciques do PMDB.
A desistência, há pouco, do senador Pedro Simon (RS) e de Garotinho à pretensão de serem candidatos a presidente e a vice indica claramente que o PMDB se prepara para aderir a Lula.
Se isso se der, partidos como o PL, o PP e até o PTB que não queriam apoiar candidato algum a presidente acabarão apoiando Lula – e pelos mesmos motivos do PMDB.
Um desfecho diferente para essa história passaria por uma decisão do Supremo Tribunal Federal que revogasse a decisão do TSE. É o que tentará obter o PFL por meio de uma ação que dará entrada amanhã no Supremo.
Mas o próprio PFL tem pouca esperança no êxito da ação.