A situação brasileira vai na contramão dos países da União Europeia, que veem seus indicadores fiscais e externos se deteriorarem. Para Octávio de Barros, diretor do Departamento Econômico do Bradesco, o déficit em transações correntes brasileiro entre2% e3% do Produto Interno Bruto (PIB) é pouco importante neste momento. "Há uma enorme liquidez e o risco de parada súbita de capitais será irrelevante enquanto os juros seguirem negativos nos países maduros", afirmou, ressaltando que, com a taxa de câmbio mais depreciada no Brasil, o risco está mais para reduzir essa conta negativa para a casa dos 1,5% do PIB do que para aumentar. "é uma questão pouco importante por uns três anos pelo menos." Amanhã, o Banco Central divulga os dados de setembro para as contas externas do país. Mas o presidente do BC, Alexandre Tombini, já afirmou no início deste mês que a natureza dos fluxos de capital que ingressam no país foi invertida do ano passado para cá: em 2010, 65% dos recursos que entravam no Brasil eram para as aplicações financeiras e 35%, sob a forma de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), para a produção. A composição, menos suscetível a reversões de curto prazo, fortalece o país nesse momento. A contrapartida desses investimentos produtivos são as saídas de dólares sob a forma de envios de lucros e dividendos das subsidiárias às matrizes. Essas remessas, entretanto, dependem do aquecimento da economia: quanto menor o crescimento e a rentabilidade das empresas, menor as remessas. (Brasil Econômico)