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Na falta de oposição, governo briga consigo mesmo

Alguns sinais da semana passada indicam a volta, em grande estilo, do fogo-amigo, marca registrada do primeiro mandato de Lula.


 


Desconfortável com a ação de um ministério que só tem o FAT para cuidar, Carlos Lupi pregou a necessidade de desvincular R$ 4 bilhões da DRU para serem aplicados no treinamento de mão de obra. Dilma Rousseff, gostou, a Fazenda foi radicalmente contra.


 


O que Lupi quer é uma mudança no atual sistema que entrega 40% ao BNDES, perde 20% para a DRU e fica com apenas 40% para investir na qualificação do trabalhador. Desse jeito o FAT (R$ 130 bi de patrimônio) quebra, segundo Lupi, porque sobra uma faixa muito pequena para conseguir remuneração e para emprestar ao mercado, de forma a financiar a produção e o emprego. Como ele não soube explicar o que queria, apareceu mais uma vez com cara de grande encrenqueiro.


 


Outro que a mídia poderá escalar como estranho no ninho é o filósofo e professor Direito de Harvard, Roberto Mangabeira Unger (PR), 55, ex-brizolista, ex-mentor de Ciro Gomes e futuro secretário de Ações de Longo Prazo.


 


Em 2005, Mangabeira escreveu no jornal Folha de S. Paulo:Afirmo que o governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional. Segundo Elio Gaspari, o texto sumiu do site de Mangabeira.


 


Exceto a Folha, a imprensa não leva a sério Mangabeira, tido como capaz de sacrificar qualquer resquício de coerência e pudor para por em prática algumas de suas idéias estapafúrdias.


 


É ele quem estava por trás da declaração de Ciro Gomes a favor do calote, na campanha de 2002, responsável pela queda do candidato do PSB nas pesquisas e imediata ascensão de Lula.


 


A criação da secretaria de Mangabeira com status de ministério, incorporando o IPEA e o Núcleo de Assuntos Estratégicos, é garantia de confusão. Nem Delfim Netto, na ditadura, ousou diminuir a importância do IPEA. Além disso, a decisão de reativar o planejamento é considerada saudosismo intervencionista.


 

O maior perdedor da semana acabou sendo o ministro que assumiu há 20 dias com amplos poderes Miguel Jorge, do Desenvolvimento. Seu contrato com Lula incluía a nomeação do presidente do

BNDES. O nome de sua preferência era o banqueiro Gustavo Murgel, ex-Santander.


 


Todos já sabem o que aconteceu: a nomeação de Luciano Cortinho, economista egresso da velha guarda do PMDB (foi secretário geral do Ministério da Ciência &Tecnologia no governo Sarney na época do rainha da sucata, atual governador Luiz Henrique, de Santa Catarina) que tem acesso direto a Lula.


 


O presidente gosta muito dele, a quem chama de a cara do PAC ou seja: Defensor do estado como indutor de investimento. Já Miguel Jorge pensa no BNDES como agente financeiro.


 


Ainda bem que Luciano já não é o mesmo dos tempos da era Sarney e sua chegada ao governo contou com o aval de Antonio Palocci que, ao contrário do que muitos pensam, está muito atuante nos bastidores do governo.


 


Por traz do cenário, o Banco Central acompanha as chegadas dele e de Unger com a devida atenção e uma ponta de preocupação. Afinal, mesmo com o aval de Palocci, Luciano Coutinho será uma estrela desenvolvimentista a mais para fazer contraponto à política do BC.