Uma caravana liderada pelo poeta Javier Sicilia, que exige mudanças na política de combate às drogas do México, partirá no sábado de Cuenavaca (região central) e deve percorrer algumas cidades com os mais altos índices de violência do país, até chegar à fronteira com os Estados Unidos.
O objetivo é chamar a atenção na luta por "justiça para as vítimas e mudanças na segurança nacional para um modelo menos violento", explicou o poeta e jornalista à AFP.
Sicilia conseguiu a adesão de familiares de vítimas e simpatizantes da causa, todos unidos sob o lema da paz.
A caravana de automóveis também recebeu o apoio de grupos norte-americanos como o Pastores da Paz, o Justiça Sem Fronteiras e organizações de imigrantes.
A chamada "Caravana pela paz com justiça e dignidade" deve chegar a Ciudad Juárez na próxima quinta-feira, depois de passar por uma dezena de cidades e percorrer mais de dois mil quilômetros.
Neste município de 1,2 milhão de habitantes e considerado o mais violento do México (só em 2010 foram registrados mais de 3,1 mil homicídios), será firmado um pacto pela paz.
Esta será a terceira manifestação que Sicilia organiza após o assassinato, em fins de março, de seu filho e seis amigos, que foram asfixiados e torturados.
Em 8 de maio, o poeta reuniu 85 mil pessoas na praça central da Cidade do México.
Na semana passada, foram presos os supostos assassinos do grupo. De acordo com os agentes, os acusados pertencem ao Cartel do Pacíficico Sul e eram protegidos pelo chefe da polícia de Cuernavaca, também detido.
"Todos os assassinos do meu filho estão presos, mas este é apenas um entre milhares de casos que ainda não foram solucionados", protestou Sicilia.
às vésperas das eleições presidenciais de 2012, o "protesto organizado por Sicilia pode ter grande significado, mesmo que a forma como este poeta apaixonado possa se aproveitar disso esteja por vir", acredita o advogado e sociólogo John Ackerman, editor de uma revista mexicana.
O poeta se defende dizendo que seu protesto não possui cunho eleitoral, mas ameaçou um boicote aos partidos acusados de corrupção e ligação com a máfia.
"Sicilia tem uma força que poucos no México possuem, que é a credibilidade. Ele é defendido pela população porque não tem nenhuma outra razão para assumir este papel político a não ser a morte de seu filho", opinou o historiador Lorenzo Meyer.
A caravana de Sicilia passará por algumas das cidades mais violentas do México, entre elas Morelia, capital de Michoacán, estado onde na semana passada combates entre grupos rivais provocaram a fuga de 1,8 mil habitantes de cinco povoados.
Estão ainda no roteiro Durango, onde em abril foram descobertas fossas clandestinas com um total de 223 cadáveres.
AFP