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19 de outubro de 2012
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19 de outubro de 2012
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Mensagens do primeiro turno

Apesar do espaço dado pelos meios de comunicação ao julgamento do mensalão do PT, seu impacto sobre a opinião pública foi menor do que o esperado. O partido, como um todo, teve bom desempenho nas eleições municipais, obtendo 626 prefeituras. Em São Paulo, onde o efeito foi maior, o petista Fernando Haddad conseguiu chegar ao segundo turno e já abriu significativa diferença em relação ao tucano José Serra nas pesquisas.

O PMDB continua muito forte. Após compor com o PT em várias cidades, é o favorito para manter a vaga de vice na chapa de Dilma Rousseff (PT) em 2014. O partido foi o que mais elegeu prefeitos e vereadores no país. Além dessa eficácia em termos de estrutura partidária, o PMDB é fundamental para a governabilidade da presidente Dilma no Congresso Nacional.

Lula confirmou que é maior do que o petismo e que ainda é a maior força política do país. Mesmo que nas eleições municipais os temas locais tenham mais peso na hora de os eleitores definirem seu voto, o lulismo voltou a demonstrar poder. Ajudou o PT a apresentar bons resultados absolutos (o partido obteve 17.198.959 votos, ou seja, 16,76%, e foi o que mais conquistou votos no país) e alavancou a campanha de Haddad. Lula também mostrou influência ao compor com outros partidos em centros importantes, como Rio de Janeiro e Curitiba.

O voto evangélico ganha impulso e, ao mesmo tempo, o voto religioso enfrenta resistência. Em que pese o vigor adquirido pelo voto evangélico nos processos eleitorais, sobretudo se considerarmos o poder de mobilização que as igrejas evangélicas possuem entre os fiéis, nos centros urbanos mais desenvolvidos surge resistência ao voto religioso. A questão é importante e pode ter repercussão nas eleições presidenciais de 2014.

A participação do PSB na base governista para 2014 está sendo questionada. Apesar de o partido assegurar que está na base de apoio a Dilma Rousseff, os resultados alcançados nesse primeiro turno podem sugerir que seu líder maior, Eduardo Campos, venha a disputar a Presidência da República em 2014 ou iniciar um processo voltado para 2018. Uma coisa é certa: o PSB aumentou sua importância no âmbito dos partidos.

Pré-candidato ao Palácio do Planalto em 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tende a intensificar os movimentos em direção a Eduardo Campos com objetivo de incentivar uma possível dissidência dentro do Lulismo na próxima sucessão presidencial. Com a economia indo bem e o atual governo sendo muito popular, Aécio sabe que o PSDB precisa sair do isolamento atual se quiser ter chances de sucesso eleitoral contra Dilma Rousseff. Com o DEM enfraquecido e o PSD jogando mais no campo governista que na oposição, uma composição com o PSB seria estratégica para os interesses dos tucanos.

O mensalão não foi mortal para o PT, e seu efeito sobre o governo foi quase nenhum. Dilma esteve blindada, tanto do julgamento no STF quanto das eleições. A sua gestão não está sendo avaliada pelas urnas municipais e, no limite, a presidente saiu fortalecida dessas eleições. Sua popularidade continua muito alta (71%, segundo pesquisa CNI/Ibope do final de setembro) e ela se consolidou como um produto do pós-mensalão.

Outro aspecto relevante do pleito é que a doação pela internet ainda não é significativa. Segundo reportagem do jornal Correio Braziliense (05.10), apenas 34 dos quase 450 mil candidatos a prefeito e vereador espalhados pelo país receberam doações financeiras pela internet. O total arrecadado somou somente R$ 203,4 mil, o que representa menos de 0,1% do valor angariado pelos candidatos.