As demissões em série de sete ministros de Estado e dezenas de funcionários do segundo escalão federal envolvidos em denúncias de irregularidade deixaram um rastro de mágoa na base governista que ameaça a tranquilidade da presidente Dilma Rousseff no Congresso. Em conversas reservadas, líderes dos vários partidos da base, inclusive o PT, avaliam que o governo terá muito trabalho para administrar os insatisfeitos – que ameaçam dar o troco na hora de votar temas de interesse do Planalto. Embora o governo tenha ampla maioria na Câmara e folga de votos no Senado, o clima predominante entre os aliados é de insatisfação com o Planalto e de má vontade com o PT. A queixa mais frequente em todas as legendas da base é a de tratamento diferenciado a ministros petistas envolvidos em denúncias. O processo de fritura política dos ministros e as trocas no segundo escalão atingiram vários parlamentares que também se julgam vítimas e engrossam a lista dos descontentes. Não foi à toa que o deputado Nelson Meurer (PP-PR) disse que a troca nas Cidades – de onde saiu Mário Negromonte, merecia "pêsames, e não para parabéns". Até o novo líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), preocupou-se com a demora presidencial em consumar a demissão do conterrâneo, já decidida e anunciada. (O Estado de S. Paulo)