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Lula prossegue seduzindo o PMDB


Murillo de Aragão


Estimulado pelas pesquisas de intenção de voto que indicam que o partido pode eleger até nove governadores, 23 senadores e entre 85 e 95 deputados federais, o PMDB tenta arrancar do presidente Lula as mais variadas promessas.


Sabendo que o PMDB será imprescindível em um possível segundo mandato, especialmente no Senado onde a oposição pode ter mais representantes que o governo, o presidente tem se tornado refém do partido e sinalizado que atenderá as demandas da legenda.


O PMDB exige que o presidente Lula resolva o problema da eleição das futuras presidências da Câmara e do Senado de forma favorável à sua bancada, aumente a participação do partido na esplanada dos Ministérios e o ajude a encontrar um nome para a sucessão em 2010.


Com relação à sucessão na Câmara e no Senado, o problema é o fato de o partido querer comandar as duas casas do Congresso, circunstância que quebra uma tradição no Legislativo (partidos diferentes comandarem as duas Casas). O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), poderá tentar um novo mandato.


Na Câmara, confiante em que terá a maior bancada, o PMDB também quer ter o direito de eleger o presidente. Além da disputa, os deputados do partido acham que Lula dá mais atenção à bancada do Senado.


A questão de maior espaço do partido no governo é outro problema. O PMDB já fala em até 8 ministérios. Além de ter que agradar às diversas alas do partido, Lula ainda terá que convencer o PT a abrir mão de espaços para os aliados.


Aí está um outro problema. Lula já começa a sinalizar para o PMDB que o partido poderá disputar o Palácio do Planalto em 2010 com o seu apoio. Restaria saber com que nome. O mais comentado é o de Aécio Neves (PSDB). Caso não haja convergência de interesses de forma que o governador de Minas Gerais dispute pelo PMDB, outra alternativa poderia ser negociada.


Tanto agrado ao PMDB certamente causará ciúmes ao PT e demais aliados. São tantas bolas divididas, que vão exigir do presidente Lula muita habilidade política. Quanto mais ele errar, menor será a fatia do PMDB que ele conseguirá manter do seu lado e maior a instabilidade política.


Tudo isso também passa pela sucessão no PMDB. O Palácio do Planalto sabe que seu trabalho poderá ser mais difícil se o deputado Michel Temer (SP), da ala independente do partido, continuar como presidente da legenda. Já se cogita sua substituição até o final do ano. A operação não será fácil. Temer pode sair fortalecido se as expectativas em relação ao PMDB nestas eleições se confirmarem.