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Lula começa junho com amplo favoritismo

Murillo de Aragão

Se considerarmos os meses do ano como rounds de uma luta de boxe, Lula vai vencendo com folga e tranqüilidade. Acumulando pontos, Lula pode se dar ao luxo de fazer uma campanha acima das nuvens e fora do alcance dos mísseis tucanos. Geraldo Alckmin, depois de brilhar ao derrotar José Serra, acumula movimentos opacos e sem timing. Até agora não demonstra ser um adversário a altura de Lula, que esbanja criatividade e carisma, além de usar a máquina a seu favor. Conta a favor do presidente o bom desempenho da economia e uma classe política completamente desmoralizada.

Enquanto Lula inaugura obras e anuncia medidas populares, os políticos estão envolvidos com o mensalão, com a máfia das ambulâncias e com toda a sorte de falcatruas. A leitura do eleitor é a de que Lula é muito melhor do que os demais. Lula tem empregado uma metodologia precisa para cultivar essa leitura. A cada momento aparece com uma decisão de impacto relevante para determinado público.  

No início de sua gestão, Lula perdeu apoio junto ao funcionalismo público e ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra. Basicamente por conta da Reforma da Previdência, que instituiu a cobrança de inativos, e pelo fato de não ter promovido a tão esperada revolução agrária. Para se redimir parcialmente com estes dois setores e evitar perdas eleitorais, o governo começou a agir.

Nos próximos quinzes dias, Lula assinará um total de seis medidas provisórias com reajustes para 37 categorias do funcionalismo federal. Na semana passada, foi editada MP concedendo aumento para sete categorias. A despesa total estimada desses reajustes diferenciados ficará entre R$ 3,5 bilhões e R$ 3,8 bilhões.

Também está senda examinada a concessão de bolsa-família para acampados em invasões e assentamentos do MST, depois que estudo no governo federal propôs a inclusão de trabalhadores rurais sem terra no programa de transferência de renda. A estratégia de Lula está sendo eficiente e visa criar um colchão de proteção à sua folgada liderança na campanha.

Recuperando o apoio de aliados tradicionais, distanciando-se das denúncias sobre o mensalão e com a economia funcionando bem, Lula continua fora do alcance dos adversários e gerando boas notícias. Para ajudá-lo, a aliança PSDB-PFL gasta mais tempo curando suas feridas do que atacando o presidente ou organizando a campanha.  Com a escassez de candidatos, Alckmin deve começar a se preocupar em evitar a derrota no primeiro turno. Ainda que seja prematuro considerar tal hipótese como a mais provável.