Às vésperas das convenções de junho, o ex-presidente Lula conseguiu reverter grande parte da onda negativa no meio político e estancar a maioria das dissidências que ameaçavam a base aliada. O PT deverá ter a maior coligação – dez partidos – desde 1989, garantindo à presidente Dilma o triplo do tempo de TV do seu principal adversário, Aécio Neves (PSDB-MG).
Longe da mídia, o ex-presidente assumiu a coordenação da campanha e trabalhou duro. Suas conquistas visam neutralizar o cenário até então desfavorável com desconforto nas pesquisas, denúncias de irregularidades na Petrobrás, inflação em alta, abertura de CPIs no Congresso, além de dissidências no próprio PT, com setores a favor do “Volta, Lula”. Nas conversas, Lula ofereceu garantias de apoio às pretensões regionais das siglas e traçou um cenário favorável à reeleição de Dilma. Delegou missões ao presidente do PT, Rui Falcão, e esteve no Norte e em Brasília na segunda quinzena de maio para fechar as alianças regionais com os peemedebistas Eduardo Braga (AM) e Romero Jucá (RR).
O acerto final, com o PMDB, aconteceu na semana passada, num hotel, em São Paulo, durante reunião com os senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL), presidente do Senado. Mas ainda existe forte tensão no Ceará, onde o senador Eunício Oliveira deve enfrentar um candidato dos irmãos Gomes (PROS), no Rio de Janeiro e na Bahia. Aqui o ex-vice-presidente da Caixa Econômica, Geddel Vieira Lima, uniu-se a ACM Neto (DEM), herdeiro político de seu arquiadvesário Antônio Carlos Magalhães. Apesar disso, essa ala representaria 30% dos votos internos, segundo os líderes dos descontentes.
Restam dois problemas: o PR, que contesta seu presidente, o ex-ministros dos Transportes Alfredo Nascimento, defensor da aliança. O PP também convive com uma ala que defende o embarque na candidatura de Aécio ou a neutralidade, como em 2010. Um exemplo será a campanha da senadora. Ana Amélia ao governo do Rio Grande do Sul, por exemplo, pedirá votos para Aécio.