As eleições de outubro não foram boas para o PFL. Perdeu 20 deputados na Câmara, perdeu eleições estaduais consideradas ganhas para o partido (como foi o caso da Bahia e do Maranhão), além de mais uma disputa presidencial sem sucesso. O questionamento que se faz agora é o que fará o PFL a partir dessa fragorosa decepção eleitoral. É certo que o Nordeste perderá espaço na legenda. As derrotas indiretas de ACM (nas candidaturas de Paulo Souto e Rodolpho Tourinho), de Roseana Sarney e de Mendonça Filho, em Pernambuco, mudam a correlação de forças no partido. Um nome hoje é considerado um novo foco de poder. É o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Ele sabe da sua responsabilidade na recuperação do partido. Fazendo um bom mandato, viabiliza seu nome para disputar a reeleição em 2008, e até mesmo para 2010, ao governo do estado. Principalmente se confirmada a candidatura de Serra à presidência e/ou decretada o fim da reeleição. Ainda no primeiro semestre, o partido elegerá seu novo presidente. Apesar das especulações, Rodrigo Maia não deverá ser o indicado, pelo menos nesta eleição. Quem poderá assumir o cargo é o pai de Rodrigo, o prefeito do Rio. O próprio Kassab, mesmo sabendo que é o futuro líder dessa nova geração pefelista (que tem também ACM Neto, Rodrigo Garcia e claro, Rodrigo Maia) é contra a presidência de Rodrigo. Ele entende que antes de passar o bastão à essa nova geração, é preciso um período de transição. O divórcio com o PSDB ainda não é fato consumado. As alianças continuarão acontecendo em alguns estados e até mesmo no plano nacional. O PFL sabe que nos últimos anos veio a reboque dos tucanos nas disputas eleitorais por incompetência deles, ou melhor, por falta de quadros políticos competitivos. Daí a importância dessa oxigenação no partido. E por estar na oposição, esse trabalho de renovação é facilitado. Em termos de postura como oposição, os pefelistas não querem mais ser o PT do passado. Ou seja, oposição por oposição. O partido tentará uma oposição programática, mesmo que isso não tenha se revelado até o momento pelas suas atitudes no Congresso, depois da reeleição de Lula. A visão que se tem é que a postura adotada nos últimos quatro anos não rendeu bons resultados. Essa é a avaliação do partido. Assim, espera-se um novo PFL daqui para frente. Os novos valores terão cada vez mais voz nas decisões. Não ocuparão a presidência da legenda agora, mas em breve. Tentará se aproximar mais da sua base social e atuará como oposição responsável. A separação com o PSDB não é definitiva, pelo menos por enquanto. E sua recuperação passa por São Paulo, em co-participação com o Rio de Janeiro. O Nordeste não estará ausente desse novo eixo de poder, mas terá que se enquadrar nesse novo comportamento que o partido, pelo menos no discurso, anuncia.