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Inserções do PSDB na TV mostram um 'novo' Aécio, por Murillo de Aragão

As inserções do PSDB de 30 segundos de duração que foram ao ar na semana passada mostraram um “novo” Aécio Neves (PSDB). O senador e pré-candidato do partido ao Palácio do Planalto nas eleições de outubro adotou um discurso mais crítico ao governo Dilma Rousseff, se comparado com os comerciais da legenda divulgados no ano passado.
 
A modificação na postura de Aécio começou a ser construída no final de 2013, quando os tucanos resolveram trocar o responsável pelo marketing do então futuro candidato a presidente. Saiu o publicitário Renato Pereira e entrou o publicitário Paulo Vasconcellos.
 
A troca no comando do marketing teria ocorrido por discordâncias em relação à linha adotada por Pereira, que defendia a tese de que a campanha do PSDB deveria ter uma agenda mais popular e menos crítica ao governo, o que teria gerado uma discordância no partido.
 
Nas inserções da semana passada, aproveitando a mensagem trazida pelas últimas pesquisas, nas quais parcela expressiva do eleitorado defendeu mudanças na condução do país e se mostrou temerosa com a inflação, além de acreditar na existência de corrupção na Petrobras, Aécio Neves adotou um discurso mais ofensivo nas críticas ao governo Dilma.
 
O foco das críticas foi a gestão do governo na Petrobras e o aumento da inflação. Nos comerciais do PSDB, Aécio explorou o medo da volta da inflação e as suspeitas envolvendo a Petrobras. Ao explicar a estratégia, o publicitário Paulo Vasconcellos disse que “o ambiente econômico ruim não pode ser ignorado. Quando isso chega à vida das pessoas, passa a ser uma pauta relevante”.
 
Em suas aparições nos meios de comunicação, Aécio Neves criticou o fato de a “Petrobras ter perdido metade de seu valor e se transformado numa das empresas mais endividadas do mundo”. As críticas à Petrobras fazem parte da estratégia de Aécio de questionar a capacidade gerencial da presidente Dilma Rousseff. Por trás disso está o objetivo de vender a presidente como uma “má gestora”.
 
Outra bandeira importante de Aécio nos comerciais foi a inflação. Ele recordou que alertou para a volta da inflação, mas “o governo finge que não está acontecendo nada”. Em sua fala, o senador reafirmou o compromisso de seu partido com o combate à inflação. “Com nós, do PSDB, é tolerância zero com a inflação”, afirmou.
 
Aliás, vale lembrar que não é por acaso que o senador levou o ex-presidente FHC para o debate político. Foi com FHC, através do Plano Real, que o partido conquistou por duas vezes o Palácio do Planalto, tendo a bandeira do combate à inflação como principal marca.
 
Sobre FHC é importante registrar que ele apareceu nos comerciais do PSDB falando sobre os jovens, os protestos e as mudanças e sobre “a hora de dar lugar a uma nova geração”. O objetivo de sua aparição foi mostrar Aécio como um candidato com credenciais junto a esse público (jovens e insatisfeitos com a política) e tentar trazer esse segmento para o lado do pré-candidato tucano ao Planalto.
 
Aécio Neves também lembrou suas realizações nos oito anos em que governou Minas Gerais (MG), sobretudo na área da gestão. Embora as atuais inserções do PSDB tenham ficado melhores, na forma e no conteúdo, em relação às apresentadas no ano passado, batizadas de “conversa com os brasileiros”, Aécio Neves continua com desafios pela frente.
 
O discurso crítico mais forte ao governo Dilma tem potencial para atrair os insatisfeitos com a atual presidente, principalmente se o sentimento de que o governo deve mudar após três governos consecutivos do PT se transformar “numa onda”. Porém, a eleição deste ano, conforme nós da Arko Advice temos afirmado, deve combinar mudança com continuidade.
 
Assim, o PSDB e Aécio Neves, principais adversários do PT, de Dilma e do lulismo, podem encontrar dificuldades para se posicionar no tabuleiro como mudanças e continuidade ao mesmo tempo. Essa dificuldade em ser visto como continuidade se reflete nas pesquisas de intenção de voto, nas quais, apesar da queda dos percentuais de Dilma Rousseff, Aécio Neves não consegue registrar expansão de seus índices.