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Impasses na aliança PT-PMDB nos estados, por Murillo de Aragão

Em entrevista concedida à imprensa do Rio Grande do Norte, o presidente nacional do PMDB em exercício, senador Valdir Raupp (RO), fez importantes revelações sobre a situação da aliança entre seu partido e o PT.
 
Segundo Raupp, apesar de divergências locais, a reedição da chapa Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) para presidente e vice-presidente, respectivamente, nas eleições de outubro é uma “questão fechada”. Isso significa que a aliança nacional entre petistas e peemedebistas está consolidada, conforme esperado.
 
Valdir Raupp disse que, apesar de diretórios como os da Bahia e do Rio Grande do Sul, por exemplo, possuírem realidades locais em que PMDB e PT são adversários, esses estados são favoráveis à chapa Dilma-Temer. Porém, de acordo com Raupp, há estados em que o relacionamento entre PMDB e PT exige maiores cuidados por parte das cúpulas de ambas as legendas. é o caso de Rio de Janeiro e Ceará.
 
No Rio de Janeiro, estado que possui o maior número de votos na convenção nacional do PMDB, peemedebistas e petistas anunciaram, na semana passada, o rompimento da aliança que mantiveram nos últimos sete anos. O afastamento ocorreu porque o governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), deseja fazer do vice-governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), seu sucessor. Cabral gostaria de ter o apoio do PT, no entanto, os petistas optaram por lançar a candidatura do senador Lindbergh Farias ao Palácio Guanabara.
 
Com os dois partidos tendo seu projeto individual de poder, a reedição da aliança ficou inviabilizada. Mesmo que líderes do PMDB afirmem que a situação local não afetará o apoio do partido no Rio de Janeiro, a reeleição da presidente Dilma Rousseff pode causar retaliações. Por exemplo, há o risco de o PMDB fluminense se preocupar apenas com a campanha de Pezão e, assim, enfraquecer o palanque de Dilma no estado.
 
Esse suposto “corpo mole” do PMDB do Rio em relação à campanha de Dilma preocupa o PT. Vale lembrar que o estado é o terceiro maior colégio eleitoral no país. Mais do que isso, em São Paulo, maior colégio eleitoral, petistas e peemedebistas concorrerão separados no primeiro turno. E em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral, ainda é incerto se PT e PMDB estarão juntos ou separados.
 
No Ceará, a relação PT e PMDB também enfrenta problemas. Nesse importante colégio eleitoral da Região Nordeste, o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) deseja ser candidato a governador. Eunício quer o apoio do PT, que planeja o lançamento do deputado federal José Guimarães (PT-CE) ao Senado e também do governador Cid Gomes (PROS).
 
O impasse está no fato de que Cid avalia o lançamento de uma candidatura própria do PROS à sua sucessão. Entre os nomes cotados estão o do presidente da Assembleia Legislativa, José Albuquerque, do ex-ministro dos Portos Leônidas Cristino, do deputado estadual Mauro Filho e do vice-governador Domingos Filho. Caso o PROS tenha candidato próprio, o PT deverá apoiar o representante de Cid e abandonar Eunício Oliveira.
 
Por conta desse impasse, o PMDB flerta com o PSDB no Ceará. Na semana passada, cogitou-se a possibilidade de os tucanos apoiarem Eunício Oliveira ao governo. Em troca, os peemedebistas dariam respaldo à candidatura do ex-senador Tasso Jereissati (PSDB) ao Senado.
 
O caso do Ceará também merece atenção por parte de petistas e peemedebistas. Vale destacar que o Ceará é o terceiro maior colégio eleitoral no Nordeste. E nos dois maiores colégios da região (Bahia e Pernambuco), PT e PMDB estarão em lados opostos.
 
Mesmo que Rio de Janeiro e Ceará sejam hoje os estados mais problemáticos, em outros locais PT e PMDB também enfrentam dificuldades para alianças. Segundo Valdir Raupp, o PMDB fará o possível para ficar ao lado do PT no maior número de estados, afinal os petistas são os aliados preferenciais dos peemedebistas em função da conjuntura nacional.
 
Porém, Raupp disse também que não haverá veto a alianças onde PMDB e PT não estejam juntos e que, eventualmente, seu partido pode acabar fechando coligações locais com partidos de oposição ao governo Dilma Rousseff.
 
Embora a aliança nacional entre PT e PMDB em torno de Dilma e Temer esteja consolidada, a tendência é que os dois partidos enfrentem problemas para reproduzir essa aliança em determinados estados, o que poderá enfraquecer os palanques de Dilma em alguns colégios eleitorais. Principalmente se o PMDB optar por priorizar os objetivos de seus caciques regionais em detrimento do projeto nacional simbolizado pela aliança Dilma/Temer. Por trás desse impasse estão os projetos de poder de petistas e peemedebistas. Ambas as legendas almejam eleger o maior número possível de governadores e de deputados federais.
 
De um lado, o PT deseja reduzir ao máximo sua dependência do PMDB, sobretudo no Congresso. Por outro, o PMDB busca justamente o contrário: aumentar o máximo possível a dependência que o PT e o governo Dilma possuem em relação a ele, em especial no Legislativo. Entre os objetivos do PMDB está, caso o partido reeleja este o ano a maior bancada da Câmara e do Senado, a manutenção do comando de ambas as Casas.