A história está cheia de exemplos. Misturar política e esporte (principalmente futebol) nunca foi bom negócio, mas é o que infelizmente vem acontecendo com a Copa de 2014, delicado ano eleitoral. As homes dos principais sites de notícias mostraram hoje, desde cedo, como isso é complicado. Ronaldo Fenômeno, membro do COL (Comitê Organizador Local) da competição, disse à agência Reuters que se envergonha dos atrasos das obras. Uma pedrada. No final do dia a presidente Dilma, que começou o dia procurando distanciar-se da polêmica, retrucou: o Brasil não tem por que se “envergonhar”, pois, na sua opinião, vai fazer a “Copa das Copas”, sem nenhum “complexo de vira-latas”. O ministro Aldo Rebelo, do Esporte, também condenou o jogador pelo “gol contra”.
O problema não foi a declaração de Ronaldo, mas seu recente post no Instagram chamando o candidato do PSDB, Aécio Neves, seu grande amigo, de “futuro presidente do Brasil”, justamente num momento ruim para a campanha da reeleição da presidente Dilma. Se o governo não engrossasse, o jogador entraria na campanha tucana de verde e amarelo. Ronaldo não é ingênuo, bem ao contrário. É um campeão mundial, um super-empresário do ramo e ocupa um cargo importante na burocracia da Copa por indicação do governo. Sabe que uma frase sua, principalmente em tom negativo, tem a capacidade de incendiar a mídia. Ainda assim o bate-boca deveria ter ficado entre ele e o ministro Aldo, seu padrinho político na burocracia do evento. Do jeito que terminou foi ruim para todo mundo, especialmente para o organizador, o Brasil, que deveria estar concentrado para o jogo contra a Croácia. Imagina na eleição.