Mergulhada em dívidas e em grave crise social, a Grécia ainda tem o futuro incerto, mesmo após o pacote de socorro aprovado pelos ministros da zona do euro na madrugada da última terça-feira. é claro entre economistas que a ajuda dão apenas novo fôlego para o país europeu e não descartam a possibilidade de um calote mais à frente. Mas a possibilidade de uma saída temporária da zona do euro – defendida pelo professor da Universidade de Harvard Kenneth Rogoff – divide especialistas. O abandono da moeda única é apontado como caminho para o país voltar a crescer. O fato de isso ocorrer apenas temporariamente, no entanto, poderia ter problemas, já que não há um mecanismo previsto para entrada e saída dos países da zona do euro.
– Se a Grécia precisa fazer seu próprio ajuste, sem contar com a ajuda de outros países europeus, só vejo a saída do euro como alternativa. Uma saída temporária dá uma certa expectativa de estabilização, é até um jeito de dar alguma esperança ao país. Mas a confusão que uma saída do euro traria, sendo temporária ou permanente, é a mesma – afirma Monica de Bolle, economista da Galanto Consultoria.
O novo pacote de socorro prevê injeção de 130 bilhões no país e a troca da dívida nas mãos de credores privados com uma perda de 53,5% do valor nominal dos bônus ou cerca de 70% considerando o valor presente da dívida. Para analistas, porém, sem uma reestruturação mais ampla da dívida e estímulos à economia, a Grécia dificilmente voltará a crescer. Dessa forma, terá que conseguir novos recursos internacionais ou será obrigada a suspender o pagamento da dívida. Além disso, o pacote ainda precisa ser aprovado pelo Parlamento grego, o que também gera incertezas. Ajuda ainda a agravar a situação a realização de uma eleição geral no país em abril, levantando o temor de que o governo eleito não aceite as condições negociadas. (O Globo)