A arrecadação recorde de R$ 102,5 bilhões em janeiro não deve servir de justificativa para um eventual afrouxamento nos cortes no Orçamento. Segundo especialistas, o comportamento observado no mês passado, quando a entrada de recursos no caixa do governo superou as previsões, não deve se repetir nos próximos meses. Os números da arrecadação de janeiro foram divulgados pela Receita Federal, Para os economistas, o recorde histórico na arrecadação mensal deveu-se muito mais a fatores atípicos do que ao desempenho da economia, que está em desaceleração. As receitas do governo foram influenciadas em janeiro pelo pagamento de R$ 5,2 bilhões de royalties do petróleo e pelo recolhimento em atraso de R$ 1,2 bilhão de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) por empresas dos setores de bebidas e automóveis. "São processos episódicos, que acontecem apenas uma vez", destaca o economista chefe do banco SulAmerica ING, Newton Rosa. Para os próximos meses, ele acredita que o ritmo da arrecadação cairá, possivelmente a partir de fevereiro. "O quadro para as empresas não está muito bom. Por causa da desaceleração da economia, as empresas terão rendimento menor, o que se refletirá na arrecadação", avalia. (Agência Brasil)