Em se tratando de mídia no Brasil , pode se pensar que “se hay gobierno soy contra”. Governo, grande mídia, oposição e sociedade estão com percepções distintas sobre o momento presente do Brasil. Essa situação se reflete no noticiário e, sobretudo, nos comentários de formadores de opinião.

Enquanto a sociedade, em suas várias ramificações, aprova o desempenho do governo, a grande mídia vive uma situação de animosidade e desconforto com as forças da situação já no campo eleitoral que se aproxima.

é uma situação inédita. Em 2002, Lula gozou de ampla simpatia por parte dos profissionais da mídia e, até mesmo, simpatia por parte do comando de alguns dos principais veículos. Sobretudo quando se notou que Serra ia patinar.

Em 2006, apesar do mensalão, existia uma satisfação no alto comando da mídia eletrônica com o padrão da TV digital que limitou a ação das empresas de telecomunicações no setor de radiodifusão.

Mesmo com o bombardeio da mídia impressa, Lula navegou tranquilo para a vitória. Só não foi mais fácil por conta da eclosão do escândalo dos “aloprados” e pela sua ausência no debate final da Rede Globo.
 
No momento, o confronto entre a grande mídia e o governo se dá nos seguintes campos: regulatório, publicitário e de opinião. O que resulta se transformando em uma certa má-vontade com o sucesso e um excesso de amargura nas críticas.

No campo regulatórios, o debate abarca propriedade cruzada de veículos de comunicação; disputa com as empresas telefônicas por oferta de conteúdo; características das concessões de rádio e televisão, controle social da mídia, entre outros aspectos.

Tais conflitos ocorrem no campo do debate e das propostas visando futuro regramento. Em especial, no que tange ao programa de governo da candidata Dilma Rousseff.

Setores que apoiam o governo acreditam que um novo regramento de   apertar o controle dos veículos a partir de um caldo de argumentos que mistura acusações de monopólio, perseguição (dos veículos) a setores sociais, insensibilidade às forças organizadas da sociedade, preconceito ideológico, entre outras.

Outro campo de disputa está localizado no Congresso Nacional, onde tramitam centenas de iniciativas que mudam o status das concessionários de rádio e televisão. Por exemplo, propostas que asseguram o direito das centrais sindicais de horário gratuito na televisão. 
 
Ainda no campo regulatório, existe um  ponto de conflito que exaspera os profissionais da imprensa:  a ação de órgãos do governo contra a prestação de serviços de jornalistas a veículos. Muitas das estrelas do jornalismo nacional recebem seus honorários por meio de empresas.

Tal fato é considerado uma burla à legislação trabalhista.  O que, convenhamos, é um absurdo por parte das autoridades já que muitos vendem seus serviços a vários veículos.

No campo publicitário, o confronto se dá tanto na disputa por verbas publicitárias quanto por meio da imposição de limitações ao direito de anunciar. São batalhas antigas.

Na distribuição de verbas, os entes governamentais mobilizam somas extraordinárias. Muitos veículos dependem das verbas públicas para sobreviver.

Enquanto governo e mídia se estranham, governo e sociedade vivem em lua-de-mel. Os índices de aprovação são elevados em todas as classes. A satisfação é elevada e a popularidade do presidente é a maior da história política do Brasil.

A grande imprensa não desconhece o fato e o reconhece. Porém, trata de isolar ou minimizar o sucesso e ataca fortemente em setores onde o sucesso é questionável ou onde as contradições são mais visíveis.   Como, por exemplo, as relações diplomáticas com Irã na questão diplomática e com Cuba no que tange à política de direitos humanos.