Na semana passada, o presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), revelou que lideranças peemedebistas estariam conversando com líderes de outras legendas que integram a base aliada do governo Dilma Rousseff e também a oposição tendo em vista uma possível fusão.
Entre os partidos especulados nessa fusão estariam PP, PR e DEM, entre outros. A migração dessas legendas ou de parte delas para o PMDB representaria um fortalecimento ainda maior dos peemedebistas como principal aliado da presidente Dilma Rousseff. O fortalecimento do PMDB é importante para o partido sobretudo por causa da eleição presidencial de 2014. Mesmo com Michel Temer (PMDB-SP) ocupando a vice-presidência da República, o crescimento no tabuleiro político do nome do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), é visto como ameaça.
Na conjuntura atual, a possibilidade de Campos vir a ser o candidato a vice de Dilma Rousseff em 2014 é pequena. Além da dependência que o Palácio do Planalto tem do PMDB, principalmente no Congresso – o partido tem a maior bancada do Senado e a segunda maior da Câmara –, os peemedebistas se mostraram mais fiéis ao PT que os socialistas em disputas estratégicas nas capitais este ano.
Enquanto o PSB rompia com o PT em Recife e Fortaleza, lançando candidaturas próprias, o PMDB foi rápido e garantiu o apoio a Patrus Ananias (PT) em Belo Horizonte, onde o prefeito Márcio Lacerda (PSB) tentará reeleger-se apoiado pelo senador e pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto Aécio Neves (MG). Além disso, em São Paulo, em que pese a candidatura própria de Gabriel Chalita (PMDB), existe um acerto entre PT e PMDB em relação ao segundo turno, onde a tendência é que Fernando Haddad (PT) enfrente José Serra (PSDB).
O fortalecimento da proximidade entre PMDB e PT por conta desses episódios foi reconhecido por Valdir Raupp: “Não vamos negar, aproximou um pouco mais. Se já havia uma probabilidade grande de Temer continuar com Dilma em 2014, essa probabilidade pode ter aumentado.”
Além da fusão com outros partidos e do apoio dado ao PMDB em Belo Horizonte, outro foco importante da estratégia peemedebista é se manter, após as eleições municipais de outubro, como o partido que possui o maior número de prefeitos no país, aumentando o cacife da legenda na mesa de negociações.
Assim, a fusão do PMDB com outras legendas é importante porque:
1. enxugaria um pouco o número de partidos existentes no país;
2. aumentaria o tempo de TV e o acesso a recursos do fundo partidário por parte do PMDB;
3. aumentaria o peso do PMDB no Congresso, através da possibilidade de migração de deputados de outros legendas;
4. caso a presidente Dilma Rousseff opte por governar com uma base mais enxuta a partir do próximo ano, conforme mencionado pela imprensa na semana passada, a dependência do Planalto em relação ao PMDB aumentaria.