Jorge Werthen, em artigo no O Globo de sábado (26/11), repete Aldir Blanc quando diz que o Brasil não conhece o Brasil. Tudo para justificar a criação de uma rede de televisão latina. Para ele a elite pouco conhece a cultura que se forja na América Latina. Bela declaração que nada significa. Ora, bolas. Será que setores da elite não sabe quem é Pablo Neruda, Mercedes Soza, Maná, Mario Vargas Llosa, Gabriel Garcia Marques, Jorge Luiz Borges, Julio Cortazar, Manuel Scorza, Fito Paez, Charlie Garcia e muitos, muitos outros? Ou ainda, a elite latu sensu não sabe quem é Chávez, não apenas o Hugo Chávez? E as novelas cucarachas que assolam a televisão brasileira. E as picanhas e filmes argentinos, os vinhos chilenos e argentinos, os alfajores, o dulce de leche, as rosas e biscoitos colombianos, a cocaína boliviana e colombiana entre outros produtos. Cultura é cultura. Vai de comida à bebida passando por livros, filmes, música, etc. Apesar de partir de um princípio furado – a elite não sabe o que está se passando, a proposta de Werthein não deve ser inapelavelmente jogada no lixo. Tem alguma salvação. Desde que a implantação de sua idéia seja resultante de uma expressão da sociedade e não de governos. O aumento do intercâmbio cultural se dará por ações de governo na educação e na desburocratização dos mecanismos de transação: viagens, exportações, acordos comerciais, licenças, entre outros. Recentemente, o Congresso Nacional aprovou um tratado que facilita a abertura de empresas na região. Os sul-americanos aprovaram um dispositivo que permitirá que todo cidadão do continente viagem pelos países com o seu documento de identidade nacional e sem a necessidade de vistos. O Mercosul facilitou muito a troca de idéias, informações e produtos. O caminho é por aí. Estimular, sim. Interferir, não. Nada de imposições chapa-branca nos moldes das chamadas políticas de democratização das comunicações. Nada de alianças de malucos e alucinados de nosso continente para mostrar que o devemos saber já que somos bobinhos e não sabemos de nada. Cuidado. Chaves, sim. Hugo Chávez, não!