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Fim do dinheiro, por Murillo de Aragão

O dinheiro, como papel-moeda, nunca passou de papel pintado com um valor atribuído pelo governo de um determinado país – no caso do euro, por um conjunto de países. Como representação, o dinheiro rivaliza com o ouro e as pedras preciosas, todos com valores definidos a partir da confiança no bem, no caso das pedras e do ouro, ou em quem emite o papel-moeda.
 
O dinheiro, na forma de moeda e de papel-moeda, apareceu para dar curso a uma ampla gama de troca por bens e serviços, o que permite adquirir outros bens e serviços. Foi um passo adiante para a humanidade.
 
No mundo de hoje, temos uma nova situação: o papel-moeda perde espaço para expressões virtuais de dinheiro, tais como o cartão de crédito e o cartão de débito. Mas existem outras a caminho. Recentemente, em Nova York, ao almoçar em um restaurante, fui desestimulado a pagar em dinheiro.
 
No transporte, o mesmo já se dá. O serviço Uber aceita apenas cartões de crédito. Após se credenciar no sistema, por meio de um smartphone, você indica onde está e recebe a mensagem de que um carro vai buscá-lo e levá-lo ao seu destino. O custo da operação é deduzido do seu cartão. O motorista não recebe dinheiro nem efetua cobrança.
 
O declínio do papel-moeda é evidente e palpável. A ascensão do cartão de crédito e de seu irmão, o cartão de débito, é amplamente notada em todo o mundo. Só que vivemos um processo mais rápido em que o mecanismo de validação não será mais e apenas pelo cartão. Seja de crédito, seja de débito. O celular já é usado para fazer pagamentos. Amanhã nem ele será necessário. Bastará nome e certos números e letras para assegurar a quitação das despesas.
 
Já surge nos Estados Unidos uma empresa que apresenta um cartão que poderá substituir todos os cartões de crédito e débito de uma pessoa. Ao invés de sair com vários cartões, em breve os norte-americanos poderão optar por um cartão apenas, que serve para ter acesso a todos os demais.
 
O dinheiro, como o conhecemos, deve deixar de ser um meio preponderante de compras nas próximas décadas. A representação virtual de valores em contas bancárias ou em empresas de cartão de crédito tomará o lugar do dinheiro comum em notas e moedas. Qualquer despesa poderá ser feita mediante acesso aos bancos ou cartões, empresas detentoras da representação monetária do poder de compra de cada um de seus clientes.
 
No Brasil já existem mais de 4 milhões de terminais de compra com cartões de crédito e débito. Nada perto do que ocorre nos Estados Unidos, onde mais de 26 bilhões de transações com cartões foram feitas em 2012 e onde existem 1,5 bilhão de cartões para cerca de 176 milhões de pessoas que declaram tê-los.
 
O fim do dinheiro, como o conhecemos, não será imediato. Países com desigualdades agudas e/ou sérios problemas de credibilidade financeira e econômica continuarão a depender do dinheiro comum. Cidadãos de países pouco confiáveis serão enganados ou buscarão refúgio em outras moedas, como os argentinos.
 
O uso intensivo da tecnologia favorecerá países considerados sérios e confiáveis.  O Brasil, em que pese a sucessão de planos econômicos e o fato de ainda ter mais de 50 milhões de pessoas sem conta em bancos, tem facilidade de lidar com inovações tecnológicas. Cartões de crédito e cartões de débito tendem a se expandir ainda mais. Assim como pagamentos por meio de celular, entre outros, serão rapidamente incorporados ao nosso cotidiano.