Deputado alerta para que falta de controle de qualidade de produtos brasileiros não prejudique as exportações
O Brasil tem tudo para ser o maior produtor de alimentos do planeta. Foi o que afirmou o deputado federal, Eli Correa Filho (DEM-SP), com base nos dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que, segundo ele, previu que o país atingiria esse patamar ainda em 2012.
Entretanto, a projeção da ONU foi muito otimista. Hoje, o Brasil ainda é o segundo maior produtor de alimentos do mundo. Perde apenas para os Estados Unidos. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) acredita que o Brasil pode assumir, em dez anos, o posto que hoje ainda é dos americanos. Mas, o deputado Eli Correa alerta que, para isso, o país terá que melhorar o sistema de controle de qualidade dos alimentos exportados.
O deputado ressalta a questão do controle de qualidade porque, nos últimos anos, o Brasil sofreu derrotas significativas no comércio global devido à má qualidade de seus produtos exportados que acabaram sendo recusados por alguns de seus principais importadores.
Em junho de 2011, por exemplo, alegando problemas sanitários, a Rússia bloqueou a entrada da carne suína produzida no Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso. Na época, era o principal cliente brasileiro de produtos suínos, com 39% do mercado. Hoje, quase um ano depois, o embargo continua e a Rússia deixou de ser o principal comprador de carne suína. “Um abalo profundo nos quase 750 mil brasileiros que dependem da suinocultura para viver”, disse Eli Correa.
Outros exemplos recentes existem, prejudicando a imagem do Brasil como potência agrícola mundial. No início de janeiro, o FDA, órgão americano de controle de alimentos e medicamentos, constatou resíduos de “fungicida carbendazim” acima do nível permitido em amostras do suco de laranja produzido no Brasil. Logo barrou a entrada do produto no País. Vale lembrar que os Estados Unidos representam 15% das exportações de suco de laranja brasileira.
Para o deputado, esses episódios servem de alerta para a indústria e órgãos estatais que precisam repensar se seus controles de teste de qualidade são adequados e de padrões internacionais. “Quem perde é a indústria, o povo brasileiro e a imagem do País no exterior, que fica manchado por problemas perfeitamente evitáveis”, disse.
E realmente são evitáveis os problemas citados acima pelo deputado. De acordo com dados do Ministério de Agricultura, as carnes, o leite, os ovos e os pescados consumidos pelo brasileiro estão quase que em sua totalidade de acordo com o padrão determinado. Das 19.267 análises obtidas em 2011, 99,78% foram consideradas conformes.
“Tal controle de qualidade deve ser igualmente rígido em relação a exportação. Como um dos principais produtores mundiais de alimentos, o Brasil deve sempre buscar a excelência em seus testes, visando garantir otimização de seus recursos, assim como a conquista e manutenção de mercados”, destacou Eli Correa.
Para finalizar, o democrata também alerta para a importância da agropecuária para a economia brasileira, em especial, para a balança comercial. Segundo ele, em 2011, a balança só obteve o superávit primário devido ao bom momento do setor no período.
“O ano de 2011 foi de recordes de exportação e importação. O Brasil vendeu US$ 256 bilhões e comprou US$ 226 bilhões em produtos de outros países. Na ponta do lápis, um superávit de quase US$ 30 bilhões. O maior dos últimos quatro anos. As exportações dos agronegócios brasileiros cresceram 23,7% em relação ao primeiro bimestre de 2010, atingindo US$ 11,0 bilhões, para importações 43,6% maiores, somando US$ 4,38 bilhões. O resultado foi superávit dos agronegócios de US$ 6,62 bilhões, 13,4% superior ao do mesmo período do ano anterior. Também nesse caso, o desempenho dos agronegócios sustentou a balança comercial brasileira, uma vez que os demais setores produziram déficit no período”, finalizou o parlamentar.